As aventuras de três minhocas pré-adolescentes sob várias camadas da terra é o enredo do primeiro longa em stop motion brasileiro, que foi produzido em Florianópolis. A pré-estreia em Santa Catarina, que fecha o ciclo das apresentações nas principais cidades do país, ocorre neste sábado, no Floripa Shopping, para convidados. No próximo dia 20, a animação entra em cartaz em circuito nacional.

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O longa do diretor Paolo Conti, com codireção de Arthur Nunes, mostra conflitos dos bichinhos semelhantes aos vividos pelos seres humanos. Feitas de silicone e resina, as minhoquinhas se unem para enfrentar o tatu-bola que sonha dominar o mundo. Ao mesmo tempo, os pais do protagonista Junior, de 11 anos, encaram os dilemas do filho que vive um momento de crise existencial.

A cantora Rita Lee, o lutador Anderson Silva, o ator e cantor Daniel Boaventura e outros artistas emprestaram suas vozes para a animação. Já as milhares de caras e bocas que os personagens fazem durante a trama deram muito trabalho à equipe. Para dar vida à história foram produzidos cerca de 1,4 mil estilos de boquinhas que compõem as expressões das minhocas.

Com um investimento de R$ 10 milhões – que representa um custo bem abaixo das produções similares -, o longa produzido pelo estúdio de animação Animaking, com as coprodutoras Fox Filmes Internacional, Globo Filmes e Glaz Entretenimento, foi feito totalmente dentro das estruturas do Sapiens Parque, no Norte da Ilha.

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– Nos Estados Unidos, por exemplo, projetos neste estilo começam com orçamentos de US$ 60 milhões. Produzir um filme que pudesse competir com eles nesta técnica específica era como escalar o Everest – compara Conti.

A tecnologia disponível no Sapiens Parque era a solução que o diretor e sua equipe precisavam. Sem titubear, há sete anos ele se mudou de São Paulo para Florianópolis, trazendo junto um grupo de 10 pessoas. Aqui reuniu mais 80 membros para produzir o longa, que levou cinco anos para ser finalizado.

– Uma das grandes dificuldades era encontrar pessoas que acreditassem na ideia – explica.

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Outro momento difícil, lembra o diretor, foi quando o dinheiro prometido por um patrocinador não chegou. A espera de um ano e meio, entre 2009 e 2010, atrasou o lançamento do filme e também desmotivou a equipe. O momento passou, o dinheiro chegou e as produções foram retomadas a todo vapor.

Assista a entrevista com o diretor

Mais humano, menos caricatura

Uma história contada de uma forma diferente, escrita por cinco roteiristas, aborda tabus e medos típicos da pré-adolescência. O sucesso do premiado curta Minhocas, produzido em 2005 e lançado em 2006, foi o embrião para o longa, finalizado em 2012. O curta levou 11 prêmios no Brasil – incluindo Animamundi SP e RJ e Fesival de Gramado -, além do prêmio de excelência JVC Tokio Video Festival.

Com a ideia de produzir a versão estendida, ainda em São Paulo, o diretor Paolo Conti reuniu um grupo de crianças de várias idades para saber delas que elementos serviriam para construir as histórias.

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– De forma sutil os personagens têm as características destas crianças. É uma história muito humana, que faz o público curtir – observa.

No galpão de 500 metros quadrados do Sapiens Parque, pequenos cenários com montanhas de gesso e espuma foram montados para ganhar uma projeção maior nas telas. O artifício usado pela equipe do coordenador de estúdio Policarpo Graciano contribuiu para a economia de gastos.

O espaço permitia a montagem de 80 cenários de cada vez, que depois de desmontados eram reaproveitados. Ao todo a trama das minhocas é composta por 40 personagens – agregada aos zumbis amplia-se para 80 bonecos.

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As dublagens foram as primeiras ações do filme, depois o roteiro foi se adaptando ao andamento do longa até que a versão final saiu no último ano.

Estímulos e reações de crianças que assistiram a trechos da animação deram um norte para o encaminhamento das cenas. A equipe contou com a experiência do professor Emílio Takase, do Laboratório de Neurociência do Esporte e Exercício da UFSC, que em um procedimento com neurotransmissores calculou respostas neurais, sudorese e batimentos cardíacos delas durante as exibições.

– Com isso podíamos saber para onde as crianças olhavam em determinadas momentos, o que chamava atenção. Isso ajudou a pensar nas cenas – observa Conti.

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Stop motion – É uma técnica de animação quadro a quadro que usa objetos para dar vida e criar os movimentos dos personagens. Para cada segundo de filme são necessários aproximadamente 24 quadros (frames), ou seja, é preciso fotografar os bonecos, no caso as minhocas, em 24 poses diferentes (frames por segundo).

Para a produção do filme, foram feitas cerca de 400 mil fotos. Na versão final, 115 mil fotografias foram utilizadas. Durante a produção, a equipe chegava a passar 18 horas por dia no estúdio trabalhando.

Agende-se

O quê: Minhocas – O Filme

Quando: estreia nacional dia 20 (sexta-feira)

Site oficial: www.minhocasofilme.com.br