Ácida, muito refrescante, leve e com uma brasilidade tropicalista feita para viajar na diversidade de frutas do território brasileiro. É catarinense e nascido no Vale do Itajaí, o primeiro estilo oficial de cerveja artesanal do Brasil. Criada de forma colaborativa entre cervejeiros caseiros de várias cidades em 2016, a Catharina Sour entrou em julho na lista oficial de estilos da Beer Jugde Certification Program (BJCP), que define as diretrizes para concursos cervejeiros no mundo inteiro. A bebida que leva Santa Catarina no nome é a primeira brasileira a entrar na lista e, com isso, deve ganhar espaço em cervejarias no mundo inteiro.

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Um dos criadores do gênero, Carlo Lapolli diz que as conversas que deram início ao movimento começaram em Blumenau, com cervejeiros caseiros tentando fazer algo novo e com toque local. A base veio do estilo alemão Berliner Weisse, mas com várias diferenças e pouco de uma cerveja de trigo. O conceito foi definido em um workshop organizado pelos cervejeiros catarinenses em agosto de 2016: a Catharina Sour seria uma cerveja com malte de pilsen, malte de trigo e presença intensa de fruta, com acidez de lactobacilos e o uso opcional de especiarias. A partir daquele encontro, a cervejaria Liffey produziu os primeiros litros para venda em seu pub em Palhoça – uma Catharina Sour com abacaxi e hortelã. Depois, a Cervejaria Blumenau fez a estreia comercial do estilo para o grande público na Oktoberfest de 2016.

Ainda naquele ano a receita da Catharina começou a ter sucesso internacional. A Sun of a Peach, bebida com pêssego da empresa blumenauense, foi a primeira do estilo a ser envasada e venceu a medalha de prata em um concurso cervejeiro na Austrália. Hoje, a marca pioneira tem duas Catharina Sour no mercado: de pêssego e maracujá.

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– A aceitação do público com a Catharina surpreende. O consumidor leigo, que não está acostumado com cervejas diferentes, tende a rejeitar uma IPA, por exemplo, que é a mais comum entre as artesanais. Percebemos que a Catharina Sour pode ser uma porta de entrada para o mundo das cervejas artesanais – destaca o cervejeiro Daniel Ropelato.

A opinião é compartilhada por quase todos os envolvidos na criação da Catharina Sour. Diretor da Escola Superior de Cerveja e Malte de Blumenau, Carlo Bressiani, diz já ter ouvido de alemães que a cerveja pode ser até a nova caipirinha:

– Ela já apaixonou os estrangeiros, tem tudo a ver com o que eles pensam sobre o Brasil: calor, tropical, uma representação bonita da brasilidade para quem não é daqui. Já ouvi deles que querem chegar na praia no Brasil e pedir uma Catharina Sour.

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POSSIBILIDADES INESGOTÁVEIS

Talvez o grande trunfo da Catharina Sour seja a possibilidade de variações. Tradicionalmente, a cerveja precisa ter alguma fruta em sua composição e basicamente qualquer tipo de polpa deve funcionar, o que abre espaço para todas as experimentações. Marcas catarinenses já têm no mercado opções com jabuticaba, cupuaçu, uva, bergamota, pêssego, maracujá, butiá, manga, caju e tantas outras estão em fase experimental.

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– A Catharina Sour tem tudo a ver com a gastronomia, a questão das frutas da estação. Podemos ter as cervejas de inverno, as de verão, as da primavera. É um conceito espetacular que dá para espalhar pelo mundo inteiro, cada lugar com as suas frutas – destaca Bressiani.

Por enquanto, a cerveja tem sido mais produzida no próprio berço, na região Sul, mas a expectativa é de que a entrada na lista da BJCP popularize o estilo em outras regiões do Brasil e no exterior – o que deve aumentar a variedade de ingredientes testados.

Popularização comercial do estilo blumenauense é o próximo passo

No caminho da consagração nos concursos cervejeiros e festivais, a Catharina Sour dá passos para a popularização comercial. Nos bares que vendem a bebida em Blumenau, a busca é considerada grande, especialmente nos dias quentes, e principalmente do público feminino. Em quase todos os supermercados na região é possível encontrar garrafas de marcas variadas no formato de 600 ml, em valores que costumam partir de R$ 13.

O mercado de latinhas ou long necks, já é utilizado por várias cervejarias para comercializar estilos mais comuns como Pilsen, Weizen e IPA, e a Catharina Sour está na mira. A blumenauense Alles Blau está finalizando a produção dos primeiros litros de uma cerveja com amora e vai lançá-la no mercado em long neck:

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– Com o volume menor, o valor final é mais acessível, fora a praticidade, poder tomar como dose única. É uma cerveja de perfil refrescante e agradável que tem tudo para conquistar o paladar – explica o cervejeiro Rubens Bósio.

Carlos Lapolli acredita que o novo estilo cairá no gosto:

– A Catharina tem tudo para ser a cara do Brasil e se popularizar. Ela é resultado da união de cervejeiros caseiros, que vieram da panela, e mostra a força e a inovação que temos no Estado.

PARA HARMONIZAR

À convite do Santa, o coordenador da sommelieria da Escola Superior de Cerveja e Malte, Rodrigo Sawamura, deu dicas para harmonizar pratos com a Catharina Sour: A Catharina Sour é uma cerveja super leve, refrescante, de acidez assertiva e boa influência da fruta. Muita carbonatação, baixo amargor e percentual alcoólico. Por isso combina com opções menos robustas, pratos menos intensos. Dificilmente conseguiria harmonizar com pratos como costela de boi, churrascos, sobremesas muito intensas. A fruta vai ter uma relação muito importante.

Catharina Sour leve com fruta cítrica:

– Ceviche

Catharina Sour com fruta cítrica e teor alcoólico mais elevado (acima de 5%):

– Pratos com frutos do mar, como bobó de camarão

– Lagosta

– Caranguejo

– Casquinha de siri

– Vinagrete

– Ostra fresca

Catharina Sour com fruta vermelha:

– Cheesecake leve com calda de frutas vermelhas

Catharina Sour com frutas típicas do Brasil como jabuticaba ou graviola:

– Medalhão de filé suíno combina com jabuticaba

– Graviola combina com peixes gordurosos como o robalo, feito na manteiga com ervas

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