As meninas ainda estão em seus quartos cor-de-rosa, cercadas de bonecas e protegidas pelos pais quando começam a aparecer os primeiros sinais da puberdade. Com o início da formação dos seios, o arredondamento das formas e o surgimento de pelos vêm as dúvidas. Em uma família contemporânea, falar sobre estas mudanças não é mais tabu. Ou não deveria ser. Para ajudar pais e filhas, a figura do ginecologista aparece cada vez mais cedo.
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Em geral, a primeira visita é feita após os 12 anos, idade em que costuma ocorrer a menarca. Biologicamente, a primeira menstruação é uma das últimas fases de transição para a fase adulta. Até aí, por curiosidade, a adolescente já buscou informações com pessoas próximas, na TV e na internet. Em função disso, a ginecologista Fabiana Santos Troian, de Blumenau, especialista em Ginecologia da Infância e Adolescência, sugere que a primeira visita ao médico ocorra a partir dos nove ou 10 anos, quando surgem os primeiros sinais da adolescência:
– Assim, fica mais fácil criar um vínculo com a paciente, que se torna mais sensível às orientações.
A ginecologista Clarissa Reck de Barros, de Blumenau, confirma que a visita precoce ao ginecologista deve partir de uma decisão da mãe ou de uma solicitação da menina. Algumas sentem vergonha de conversar sobre assunto, às vezes pela falta de diálogo em casa. No entanto, o ideal é que a paciente chegue ao consultório à vontade para perguntar. A presença da mãe nas primeiras consultas é importante para tirar dúvidas de ambas e fomentar o diálogo, mas com o tempo a menina pode ir ao médico sozinha, caso prefira.
Questão emocional é determinante no processo
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As visitas ao ginecologista, a cada seis meses ou um ano, nesta fase, têm o objetivo de acompanhar o ganho de peso e de altura, além de alertar a menina para as mudanças da puberdade. Após a menstruação, o médico deve acompanhar o ciclo menstrual que, neste período, é irregular e em alguns casos precisa de tratamento. Exames como o papanicolau só são feitos após a primeira relação sexual.
Segundo a ginecologista Fabiana Troian, as meninas chegam ao consultório reclamando da menstruação e da TPM. Ingressar cedo ao mundo da ginecologia ajuda a mostrar que ser mulher também é bom. Inclusive, que menstruar é saudável. O diálogo dá vazão para questões emocionais e filosóficas.
A psicóloga Adriana Maria Slomp, que orienta grupos de pais e jovens sobre adolescência no Centro de Pediatria Celpinho, em Blumenau, comenta que a fase é propícia para dúvidas sobre masturbação, primeiro beijo, namoro e sexo, mas ainda há pouco diálogo. Pais precisam ficar atentos não só às necessidades biológicas dos filhos, mas também às psicológicas, buscando oportunidades para conversar.
– Nós temos conhecimento da parte técnica, mas as meninas precisam da ajuda afetiva de alguém próximo – explica Adriana.
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E os meninos?
Por volta dos 11 e 12 anos, os meninos também passam por transformações tanto físicas quanto psicológicas relativas à puberdade. Mas por que não se fala tanto no assunto? Por que não visitam um médico? De acordo com o urologista Alexandre Ernani da Silva, as mulheres costumam se preocupar mais com a saúde, têm o hábito de se submeter a exames de rotina e estão mais dispostas a conversar com suas filhas do que os homens.
– Raramente os meninos procuram um urologista para fazer exames de rotina ou para tirar dúvidas sobre sexualidade – alerta.
De acordo com o médico, a falta de orientação somada à inexperiência pode gerar dúvidas sobre desempenho sexual, como a ejaculação precoce e impotência – muitas vezes, de origem psicológica. No entanto, a maioria dos homens se preocupa em buscar um médico apenas a partir dos 40 anos, quando há maior risco de tumor na próstata. O que poucos sabem é que tumores de testículos ocorrem principalmente entre os 15 e 35 anos, por isso a importância de visitas rotineiras ao urologista.