Santa Catarina terá a primeira usina termelétrica a gás natural a partir deste ano, projeta a empresa responsável pela instalação. Ela ficará em Gaspar, no Vale do Itajaí, e poderá atender cerca de 100 mil casas. O investimento é do governo federal, em uma tentativa de reforçar a produção de energia e evitar apagões.

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A construção da usina no bairro Belchior será realidade depois que alguns trâmites forem vencidos. Começou pelo leilão emergencial do governo para a contratação de energia reserva ao país. Entre os 17 empreendimentos selecionados em outubro do ano passado estava a Energias de Gaspar SPE, empresa da Rovema Energia. 

O valor da obra é de R$ 43 milhões.

Após vencer a disputa, a empresa passou a buscar as licenças necessárias para permitir o funcionamento da primeira usina termelétrica a gás natural do Estado. Nesta semana, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) emitiu as autorizações ambientais prévias para a instalação dos equipamentos.

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Agora, conta o consultor técnico do Grupo Rovema, Adriano Jackson Gomes, é esperar que as peças cheguem da Europa e Estados Unidos para que as operações comecem. O contrato com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de 1º de maio deste ano a 31 de dezembro de 2025.

— Vai ser uma usina estratégica, para recuperação dos reservatórios hídricos das hidrelétricas. Como o volume [dos reservatórios] está baixo, há medo de blackout [apagão] — explica o consultor.

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O aporte do governo federal nessas fontes alternativas de energia em todo o Brasil soma R$ 5,26 bilhões. A usina de Gaspar terá potência de 99,15 MW, capaz de abastecer cerca de 100 mil residências da região.

Por que a usina será instalada em Gaspar?

Adriano revela que a empresa avaliou ao menos sete locais para receber a usina. Em Gaspar, porém, encontraram a combinação que precisavam: um terreno grande (antiga plantação de arroz), em uma área industrial, com a existência de um gasoduto e em frente a uma subestação de energia, que será necessária para o escoamento da que for gerada.

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Como funcionará a usina termelétrica? 

Serão 58 unidades geradoras, sendo 32 com potência contínua de 1.900 KW, 26 com 1.475 KW e mais uma reserva com 1.475 KW. Cada unidade é um motor de combustão com radiador: a água fica em um circuito fechado acoplado a um gerador. O gás entra no motor e vai à combustão, resultando em energia elétrica. Cada “cabine” tem o próprio circuito de gás, que será fornecido pela SCGás.

Ilustração da unidade de geração de energia na usina de Gaspar
Ilustração da unidade de geração de energia na usina de Gaspar (Foto: Reprodução)

A companhia catarinense trará pelas redes o gás vindo de um terminal marítimo de São Francisco do Sul, que ainda está sendo implementado. A usina será a maior cliente da SCGás, necessitando de 500 mil m³ de gás por dia para funcionar.

A produção terá 100% de aproveitamento porque a operação não depende de condições externas, diferente do que ocorre na energia eólica e solar, por exemplo, que necessitam de vento e sol, respectivamente.

Por que gás natural? 

O professor do Laboratório de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia de Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Júlio César Passos, explica que o gás natural é, entre as fontes fósseis, menos poluente.

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— Uma vantagem é a diversificação da nossa matriz elétrica. Além disso, o gás natural é o menos agressivo dos combustíveis fósseis ao meio ambiente. Não existe energia limpa, mas sim “menos suja” — resume.

Segundo dados do Balanço Nacional de Energia de 2021, com base no ano anterior, o gás natural corresponde a 8,3% da matriz elétrica brasileira. A fonte hídrica continua sendo a principal, com 85%.

O presidente do IMA, Daniel Vinicius Netto, reforça que o gás natural tem sido fonte de energia alternativa em todo mundo.

— O empreendimento representa uma oportunidade para aumentar a oferta de energia no Estado, além de atrair novos investimentos e colaborar com o desenvolvimento da região — comentou.

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O que a usina significa para a região do Vale?

Na prática, os moradores não vão perceber nada diferente no dia a dia. A energia será injetada no sistema interligado nacionalmente, ou seja, vai ser consumida na região, mas não em um local específico.

Diretamente, a chegada do empreendimento vai gerar 60 vagas de emprego. São cargos técnicos, para operadores da usina.

E quando o contrato terminar? 

Essa resposta ainda não existe. 

Em 2025, quando o contrato com a Aneel terminar, a usina de Gaspar poderá ser desativada, já que as máquinas serão alugadas pela empresa responsável. É possível também que a instituição participe de novos leilões e continue a operação ou então entre para o livre mercado. 

Por ora, sabe-se que Santa Catarina dará o primeiro passo na diversificação de matriz energética.

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