Superlotação e mudanças nos horários e itinerários do transporte coletivo de Florianópolis. Essas foram as principais reclamações apuradas durante a semana pela reportagem, que embarcou entre os 230 mil usuários que utilizam o sistema diariamente. A Secretaria de Mobilidade Urbana da Capital constatou e registrou as mesmas impressões.
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Desde que o Consórcio Fênix assumiu o transporte público de Florianópolis, no último sábado, a Secretaria emitiu 25 autos de infração – número elevado para o período, em que costumam ser registradas cerca de cinco multas. Juntas, elas somam cerca de R$ 1.670.
Segundo a prefeitura, a maior parte das infrações (16 delas) diz respeito a atrasos ou adiantamentos de horários sem motivo justificado. Também foram cinco autuações por deixar de realizar viagens e uma por trafegar acima da lotação permitida. O número ainda não inclui possíveis infrações cometidas na sexta-feira.
Responsável pela pasta, o secretário de mobilidade Valmir Humberto Piacentini afirma que a intenção da fiscalização da prefeitura nesta semana era apenas uma avaliação do cenário, mas que foi necessário autuar o consórcio após se verificar diversas irregularidades.
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– Estamos fazendo o possível para garantir que o consórcio cumpra as cláusulas do contrato. A fiscalização municipal está mais ativa, mas precisamos que o usuário nos alerte, ligue para a secretaria, procure avisar os fiscais da prefeitura – reforça Piacentini.
Advogado do Fênix, Anderson Nazário afirma que os fiscais do consórcio que receberam as notificações estão produzindo memorandos com justificativas, para que as defesas possam ser elaboradas e enviadas à Secretaria de Mobilidade. O advogado explica que as multas que não forem revertidas devem ser pagas normalmente, e que o consórcio se compromete a trabalhar para que as infrações não voltem a acontecer.
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No contrato entre prefeitura e Consórcio Fênix ficou estabelecido que, além das autuações de R$ 127 para cada viagem não realizada, outras multas podem variar entre 0,0001% e 4,5% do valor do contrato de R$ 122 milhões – ou seja, as autuações podem chegar a quase R$ 5,5 milhões. O Consórcio Fênix é formado pelas empresas Transol (36,03%), Canasvieiras (29,32%), Insular (20,69%), Estrela (8,63%) e Emflotur (5,30%).
Repercussão na Internet
Vanessa da Silva (Blog Visor): Infelizmente a situação do transporte piorou muito com esta nova administração. Motoristas e cobradores fazendo itinerários completamente diferentes do que faziam quando as empresas não eram unificadas. Ainda trocaram alguns ônibus articulados por opções simples.
Cláudia Brasil (Blog Visor): Pego o Executivo Campeche todos os dias. Além do aumento de preço, alteraram o trajeto. Ele não passa mais pelo túnel, está indo pela Costeira. É horrível, a viagem longa, estrada péssima, o ônibus pula mais do que pipoca!
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Lizete Lobato (Blog De Olho nas Ruas): Aumentaram os horários dos executivos no Sul da Ilha, querem que os trabalhadores usem esses executivos? Como? Ao preço de R$ 7 é impossível! Precisamos de mais horários dos ônibus comuns, principalmente nos horários de pico, de manhã e na volta à tarde! Quem fez essas mudanças já foi nos terminais, já andou nos ônibus lotados?
Leandro Xavier (Facebook DC): Tantas alternativas: Catamarã como já funciona muito bem no Rio Grande sul, uma linha férrea ligando todos os pontos de Floripa de norte a sul, necessitando apenas de linhas de suporte, ligando aos bairros.
Harley Karlini Cardoso (Facebook DC): Estamos indo na contra mão dos países desenvolvidos, lá o transporte público tem cada vez mais qualidade, o que atrai todas as classes, principalmente os mais ricos. Já aqui cada vez mais cai a qualidade do transporte público e se facilita a compra e o uso de automóveis, como isso vai dar certo?
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A saga dentro dos ônibus
Não deixa de sorrir nem nos momentos mais difíceis. Depois de três décadas sem sair de casa sozinha, a estudante Marciene Machado dos Santos, 33 anos, usa o transporte coletivo para conhecer o mundo.
Fotos: Guto Kuerten / Agência RBS
Na sexta-feira, o blog De Olho nas Ruas acompanhou a cadeirante no trajeto do Jardim Atlântico, no Continente, para o Centro. Marciene arrebata com um sorriso os motoristas, cobradores e passageiros quando enfrenta a falta de respeito deles ou mesmo quando lida com veículos que têm o elevador danificado. Com o novo sistema de transporte coletivo, ficou ainda mais difícil para ela.
– Antes eram três ônibus que passavam. Agora é apenas um – conta a estudante.
Por isso, ela montou uma estratégia para driblar a falta de coletivos adaptados. Espera um ônibus passar em frente de casa e sabe que o próximo será adaptado. Só então se direciona ao ponto. Depois de uma hora de espera, chega o coletivo. Começa outra luta: manobrar para a cadeirante entrar.
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Norte da Ilha
Na terça-feira, por volta das 6h, os coletivos já chegaram lotados no Terminal de Canasvieiras (Tican). As pessoas buscaram lugares nos ônibus dos primeiros horários da manhã em direção ao Centro de Florianópolis.
Pântano do Sul
Na quarta-feira, a linha escolhida foi do executivo Pântano do Sul. Todos os passageiros estavam sentados, com o ar condicionado ligado. Até o Centro, apenas o congestionamento normal na SC-405.
Sul da Ilha
Na quinta-feira, alguns passageiros já saíram do Terminal de Integração do Rio Tavares (TiRio) sentados nas escadas do ônibus em direção ao Centro da cidade. Alguns chegaram a denominar o local como sendo de luxo.
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