A falta de atenção é a principal causa de infrações nas rodovias federais que cortam o Vale do Itajaí. Isto é o que aponta o balanço divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) referente às multas aplicadas ano passado nas rodovias federais da região. Segundo o levantamento da PRF, 30.685 infrações foram cometidas nas BRs 101 e 470. As mais graves e que preocupam a PRF estão diretamente ligadas a acidentes graves: ultrapassagens indevidas (4.144) e embriaguez ao volante (504), que juntas somam 4.648 multas.

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A PRF registrou 2.020 acidentes no período, 49 ocorrências a mais do que no ano anterior, quando foram computados 1.971 acidentes. O número de feridos também aumentou: passou de 1.978 para 2.110, 6,6% superior no comparativo com 2016. Na avaliação do policial rodoviário e chefe do Núcleo de Comunicação da PRF, Adriano Fiamoncini, o crescimento das ocorrências é reflexo do aumento do fluxo de carros. Na BR-470, o problema é que ela está saturada. Por se tratar de uma rodovia em duplicação, ele acredita que alguns motoristas cometem infrações que normalmente não fariam para tentar recuperar o tempo que eventualmente ficaram parados em pontos de lentidão, o que gera muitos acidentes.

As infrações mais comuns são por excesso de velocidade e farol apagado. Fiamoncini explica que replica-se no Vale uma tendência nacional, em que elas representam 63,8% das mais de 5,8 milhões multas aplicadas ao longo do ano passado no país. O policial rodoviário chama a atenção para as características das rodovias federais que cortam o Vale do Itajaí e que contribuem para acidentes. A BR-470, segundo ele, é uma rodovia de pista simples, com poucos pontos de ultrapassagem, muitos pontos de cruzamento e intensa urbanização às margens, além das serras no Alto Vale.

– O trecho de Blumenau é um exemplo disso. A cidade se desenvolveu para a região Norte e agora até mesmo para circular entre um bairro e outro é preciso atravessar a BR-470 – diz Fiamoncini

No ano passado 83 pessoas perderam a vida na BR-470 e na BR-101, no trecho do Vale do Itajaí. Em 2016, foram 84. Na avaliação do policial rodoviário, a duplicação – em andamento atualmente –, irá reduzir o número de ocorrências graves, uma vez que principal causa de mortes nas BRs é a colisão frontal. Ele recorda que isso ocorreu na BR-101, mas reforça que os motoristas precisam se conscientizar sobre a necessidade de respeitar às normas de segurança no trânsito.

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Especialista defende mais fiscalização

Na visão do especialista em Segurança no Trânsito, Emerson Luiz Andrade, este cenário de infrações e vítimas no trânsito pode ser combatido com duas frentes de atuação. A primeira delas é aumentar a fiscalização. Atualmente, cada unidade operacional da Polícia Rodoviária Federal no Vale do Itajaí (Rio do Sul, Blumenau e Itajaí) conta com três a quatro policiais por dia atendendo. No entendimento dele, quando o motorista sabe que está sendo fiscalizado, seja por um agente ou por uma câmera de monitoramento, ele fica inibido a cometer a infração, o que por vezes evita acidentes.

Outro eixo defendido por Andrade é a punição aos imprudentes. Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), essa penalidade é imposta ao motorista que atinge 20 pontos na carteira de habilitação no período de 12 meses ou por alguma infração cuja pena especificamente seja a suspensão. O especialista afirma que o Departamento de Trânsito em Santa Catarina (Detran-SC) precisa ser mais ágil nos processos de suspensão do direito de dirigir de motoristas imprudentes e lamenta a lei aprovada pelo Estado no fim do ano passado, que permite a suspensão de processos de 2012 a 2016 que ainda não haviam sido notificadas pelo órgão.

Conscientizar é essencial para reduzir esses números, diz PRF

Conscientização e educação são focos do trabalho do grupo de Educação para o Trânsito e Cidadania da PRF-SC, chefiado por Sérgio Rafael Melati, para reduzir os índices de violência no trânsito. Crianças, adulto, pedestres, ciclistas, motociclistas, motoristas e até caminhoneiros são alvo de ações que visam sensibilizar os cidadãos sobre seus deveres e as consequências da conduta de cada um no trânsito.

– A pessoa passa a cuidar mais de si e dos outros quando toma essa consciência, não por medo de ser responsabilizada, mas por compreender a importância de suas ações no trânsito – considera o policial.

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Em Blumenau, a PRF promove palestras, abordagens educativas e trabalho conjunto com outros órgãos de trânsito.

– Sabemos de uma família que foi fiscalizada e orientada sobre o uso da cadeirinha e pouco tempo depois eles se acidentaram. Os pais vieram mais tarde agradecer à PRF, pois se não fosse aquele momento em que eles foram autuados e orientados, seus filhos teriam morrido no acidente – conta Melati.