Desde agosto do ano passado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina é obrigada a disponibilizar cerca de 20 policiais por mês do seu efetivo para uma operação que ocorre no Rio de Janeiro. A determinação é nacional e vai até dezembro. O que está acontecendo lá e a Operação Égide, que combate roubo de carga e de veículos nas rodovias.

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Segundo o assessor de imprensa da PRF em Brasília, Diego Brandão, o percentual de policiais recrutados está dentro das possibilidades de cada Estado. O fato de Santa Catarina ser afetada pelo aumento de usuários das rodovias em função da temporada de verão não impede o Estado de contribuir com a operação. Segundo Brandão, todos os estados estão em período de férias e contribuem com a operação.

A operação que faz parte do Plano Nacional de Segurança Pública ocorre em rodovias federais que cruzam estados de fronteira (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul); nos grandes corredores rodoviários (Goiás, São Paulo e Minas Gerais); e no Rio de Janeiro — único estado em que a atuação é contínua. Neste momento, não há nenhuma ação da operação Égide ocorrendo em SC.

Segundo o presidente do sindicato da categoria, Paulo Sérgio Machado, a instituição já sofre com a falta de efetivo mesmo com o quadro completo. Santa Catarina conta com 420 policiais e precisa de incremento de 50% para dar conta dos 27 postos nas rodovias federais.

— Em vez de ter quatro ou cinco policiais em um posto, ficam dois ou três. Isso reflete na falta de policiamento ostensivo e fiscalização. A gente está perdendo a função principal da PRF, o policial acaba atuando depois que o fato acontece. E ainda tiram essa quantidade para trabalhar no Rio? No mínimo, deveria haver o bom senso durante a Operação Veraneio — destacou Machado.

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— A policia vive um dos momentos mais críticos da sua história com relação ao efetivo, não há como negar, é uma realidade que a (a instituição) vive — concorda o chefe de policiamento em SC, inspetor Everson Feuser.

Uma campanha realizada pelo sindicato em 2015 chamou a atenção dos motoristas que passavam pelos postos da BR-101, no Estado. Bonecos de papelão imitando policiais foram colocados nos postos rodoviários. Quem se aproximava das unidades, principalmente à noite, tinha a impressão de que havia uma grande fiscalização no trecho. A iniciativa, segundo Machado, era mostrar como o aumento do efetivo poderia fazer a diferença. Os bonecos estão até hoje em algumas unidades.

O assessor da PRF em Brasília confirmou que o efetivo nacional é de 10,2 mil policiais e que a defasagem já existente é de três mil, pois a instituição tem vagas para 13 mil servidores, uma vez que aposentadorias contribuíram para a baixa. Considerando que outros três mil policiais estarão aptos a se aposentar neste ano, é possível que o déficit seja de seis mil até o fim do ano. Por enquanto, não há previsão de novo concurso.

* Égide era um escudo utilizado por Zeus, na mitologia grega, nas lutas contra os titãs. O nome da operação foi escolhido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública por causa das ações desenvolvidas em combate ao tráfico de armas, drogas e produtos contrabandeados.

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