O PSDB promove neste domingo (21) as prévias para definir quem será o candidato do partido a presidente da República nas eleições de 2022. O resultado esperado ainda para a noite deste domingo, mais do que indicar a vitória de João Doria (SP) ou Eduardo Leite (RS), é visto por tucanos como uma decisão a respeito do futuro do partido e um primeiro passo na construção da candidatura da chamada terceira via.
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A disputa está apertada e pode ser decidida por uma margem pequena – cada lado projeta a vitória para si, e o terceiro concorrente, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto, não tem chances. O clima de acirramento tende a dificultar a superação das divisões internas após as prévias.
A votação será das 8h às 15h por meio de um contestado aplicativo, cuja segurança pode ser brecha para judicializações futuras. Prefeitos, governadores, parlamentares e ex-presidentes do PSDB podem votar em Brasília, em urna eletrônica da Justiça Eleitoral.
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Doria e Leite se comprometeram a permanecer no PSDB em caso de derrota e a buscarem a união do partido e o diálogo com mais siglas em caso de vitória. Para evitar a fragmentação do campo político, será preciso buscar alianças com Sergio Moro (Podemos), Rodrigo Pacheco (PSD) e outras legendas, como União Brasil (DEM e PSL) e MDB.
O xadrez eleitoral de 2022 está embolado à espera da definição do PSDB, que impacta desde o futuro de Geraldo Alckmin (PSDB) como candidato a vice de Lula (PT) até a filiação de Jair Bolsonaro (sem partido) ao PL – o cenário no estado de São Paulo depende de quem conduzirá os tucanos a partir de agora.
Também no domingo, o PSDB de São Paulo, comandado por Doria, vai anunciar o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) como candidato em 2022 – só ele se inscreveu para as prévias paulistas marcadas para a mesma data.
Essa oficialização barra, por um lado, os planos de Alckmin, que negocia ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes por outras siglas, mas também fecha o espaço para que Doria se lance à reeleição caso perca as prévias.
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Se Doria vencer, consolida seu favoritismo e amplia seu domínio no PSDB, imprimindo seu estilo de marketing, eficiência e gestão – que também é lido como intransigência e atrai antipatia.
Já uma vitória de Leite, reconhecido pela capacidade de dialogar, representaria o resgate do PSDB histórico, mas profundamente contaminado pelo bolsonarismo. Arquiteto da campanha de Leite, o deputado federal Aécio Neves (MG) atrai a bancada tucana para a barganha do governo federal.
Virgílio, terceiro elemento que cobrava disputa sem brigas ao mesmo tempo em que provocava os rivais em debates, foi enfático ao defender que o partido precisa “se desbolsonarizar” para seguir adiante. Também cumpriu seu papel ao obrigar a sigla a falar de Amazônia.
Prévias terão 44 mil tucanos inscritos para votar
Ao todo, 44,7 mil tucanos (cerca de 3% do 1,3 milhão de filiados) se inscreveram para a votação indireta, em que cada grupo representa 25%: filiados; prefeitos e vices; vereadores e deputados estaduais; deputados federais, senadores, governadores e vices, ex-presidentes do PSDB e o atual.
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São Paulo larga com 35% de peso nas prévias. Além do Rio Grande do Sul, Leite tem o apoio de estados chave no tucanato, como Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Depois da pior derrota em eleições ao Planalto em 2018 com Alckmin (4,76%), as prévias foram a aposta do presidente do PSDB, Bruno Araújo, para reenergizar o partido. Ele minimiza as previsões de que a sigla sairá do pleito em pedaços – Doria tem a preferência dos militantes e Leite, dos parlamentares.
A campanha foi tensa, com brigas em torno do aplicativo e acusações da equipe de Leite a respeito de filiação extemporânea de prefeitos aliados a Doria e de pressões do governador paulista, por meio de demissões e verba de convênios, para angariar votos no estado.
As críticas vinham sendo ácidas em debates até que, na última semana, os candidatos resolveram baixar a temperatura. Num gesto de paz, Leite e Doria se reuniram em Porto Alegre e falaram em união.
Apesar das diferenças, Leite e Doria acumulam incômodos em comum. O primeiro é o apoio a Bolsonaro em 2018, que ambos consideram agora um erro. O gaúcho e o paulista também miraram no presidente e no PT durante as prévias.
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O baixo patamar nas pesquisas de opinião (por volta de 5% no último Datafolha) também atinge aos dois. Leite ressalta ter menor rejeição, enquanto Doria espera que a população reconheça seu empenho pela vacina contra Covid. De maneira geral, os candidatos avaliam que as prévias serviram para dar destaque ao PSDB.
* Por Carolina Linhares
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