A interdição da balsa de Ilhota no fim de fevereiro para a manutenção do motor se soma a outras 14 interrupções no serviço nos últimos quatro anos. Nesse período, a estrutura que leva diariamente moradores de uma margem do rio Itajaí-Açu a outra parou durante cinco meses, e a inconstância do serviço preocupa quem depende do meio de transporte gratuito para se locomover. Em média, a balsa transporta mil carros por dia e atende a 4,5 mil pessoas e é a principal alternativa enquanto a Ponte de Ilhota não fica pronta.
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Um dos 10 funcionários que atua no local, Luiz Carlos Pereira, 62 anos, bem sabe o quanto as paradas do transporte alteram a vida das pessoas. Há quase uma década trabalhando no vaivém do rio Itajaí-Açu, ele, que começa o expediente às 14h, é quem escuta as reclamações dos usuários:
– Tudo que eles precisam está do outro lado: mercado, banco, correio e trabalho. Tudo.
::: Deinfra garante que ponte de Ilhota fica pronta até junho
Bronzeado e apaixonado pelo trabalho que faz sob sol e chuva, Pereira já perdeu as contas de quantas milhares de vezes fez o percurso de um lado para o outro da margem do rio. Também não sabe ao certo quando a balsa será aposentada, mas já faz planos:
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– Vou ficar em casa com a minha “véia”, já trabalhei o que tinha de trabalhar. Os dois filhos estão criados e acho que está na hora de parar – conta o morador que se apaixonou por uma ilhotense e escolheu há 39 anos a cidade para viver.
De acordo com o secretário de Obras de Ilhota, Cidney Tomé, enquanto a balsa não for aposentada é inevitável que a cidade fique sem transporte quando for preciso fazer a manutenção do equipamento:
– O equipamento trabalha quase 20h por dia e por isso precisa de manutenção – conta.
Quando não há balsa para fazer o trecho sob o rio ItajaíAçu, a moradora Isadir Correa, 37, conta ter de mudar completamente a rotina da família. Em vez de sair de casa às 6h30min, a mãe de três filhos precisa acordar mais cedo e estar às 5h no ponto do primeiro dos quatro ônibus que precisa pegar para ir e vir do trabalho na margem direita de Ilhota.
– Todos os dias venho de bicicleta e uso a balsa para ir trabalhar, mas quando não está funcionando gasto R$ 13, além do tempo de ida até o trecho em Gaspar. Quando a ponte ficar pronta, acho que vai ser mais fácil pra todo mundo que mora do lado de lá – conta a moradora da localidade de Baú Baixo.
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Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Ilhota, a balsa custa R$ 45 mil mensais aos cofres municipais, incluindo gasto de combustível e pagamento de funcionários. A estrutura será leiloada após a conclusão da ponte, que facilitará o acesso da Rodovia Jorge Lacerda à BR-470 e está prevista para junho deste ano.
Com o término da obra, o estudante de Direito Eduardo Fischer, 19, acredita que as linhas de ônibus vão ajudar no transporte entre as margens:
– Eu saio do Braço do Baú, trabalho no Centro, volto para casa e depois pego ônibus para faculdade em Blumenau. Quando não tem balsa é um transtorno imenso. Além de ter que ir para Gaspar ainda tem o tempo de espera. Acredito que com a ponte pronta teremos opções de ônibus e horários.
A balsa em números
– 41 toneladas
– 15 metros de comprimento
– 8 metros de largura
– 15 vezes parada nos últimos quatro anos, somando cinco meses sem uso
– R$ 45 mil é o custo mensal da balsa para a prefeitura de Ilhota