Para evitar confrontos nas prisões diante do contexto nacional de assassinatos entre presos que envolve facções criminosas, as autoridades do sistema prisional de Santa Catarina realizaram transferências internas de presos nos últimos dias. A medida de prevenção faz parte do cenário desde o início do ano de alerta máximo nas unidades prisionais divulgado pelo governo do Estado.
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O Diário Catarinense apurou com fontes do alto escalão do governo, policiais e servidores de presídios, que a iniciativa foi adotada em sigilo pelo Departamento de Administração Prisional (Deap) e envolveu remoções do complexo prisional da Agronômica, em Florianópolis, e da Penitenciária Sul, em Criciúma, Sul do Estado. Ao menos oito detentos figuravam na lista de transferências entre as duas prisões até o domingo.
Indagado na tarde desta terça-feira pela reportagem, o secretário-adjunto da Justiça e Cidadania, Leandro Lima, disse que não iria confirmar a informação, mas que também não iria negar. Ele apontou a questão da segurança como motivo.
— O nível continua de atenção em todo o Estado, não estamos imunes, mas aqui implantamos políticas públicas — disse o secretário, acreditando que o Estado adotou ações diferenciadas de gestão, humanas e de inteligência nos últimos anos para lidar com situações críticas.
A preocupação maior atinge mais uma vez a Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, antigo “QG” (Quartel General) da facção Primeiro Grupo Catarinense, onde estão mais de mil presos. Na semana passada, o preso Sebastião Carvalho Walter, um dos criadores do PGC, foi atacado por outro detento e acabou falecendo no hospital.
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— SC já vem separando os presos por grupos criminosos, o que é salutar para evitar as rixas. Mas é preciso outras medidas, como minimizar a entrada de novos detentos sem condenação e sem periculosidade nesse momento — pensa Alceu.
Servidores do sistema carcerário ouvidos pela reportagem, que preferem não se identificar, afirmaram que o quadro é preocupante diante da presença de faccionados, principalmente na Penitenciária de Florianópolis. Com 86 anos, a cadeia fica em área residencial do bairro Agronômica e há denúncias que conta com pouco efetivo de agentes penitenciários.
De acordo com Alceu Pinto, as prisões de São Pedro de Alcântara, Florianópolis, Itajaí, Blumenau e Criciúma são as mais complicadas e exigem atuação maior do poder público diante da guerra instalada por facções pelo país. O PGC tem alianças com o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, e a Família do Norte, e trava embate dentro e fora dos presídios com o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo. O motivo é a disputa pelo controle do tráfico de drogas.