Presos no parlatório, acomodados em salas, vistos em corredores, com visitas, alimentação diferenciada levada por familiares e conversas com advogados na cozinha.

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Criada com a missão de investigações complexas, de repercussão e de caráter estadual, a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), no Bairro Estreito, em Florianópolis, teve a sua rotina alterada nos últimos dias.

O motivo é a quantidade de detentos encaminhados para a unidade. Ontem à tarde havia 13 no prédio. Na carceragem estavam seis e o ambiente era de superlotação.

O restante está acomodado em salas especiais ou mesmo no parlatório, o locutório previsto para conversas entre advogados e os presos que fica no mesmo andar do saguão.

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Ali estão desde segunda-feira o ex-secretário de Governo de Palhoça, Carlos Alberto Fernandes Júnior, o Caco, o pai dele, Carlos Alberto Fernandes e o empresário Luiz Fernando Oliveira da Silva, o Dentinho.

Os três estão com prisão preventiva decretada por flagrante de corrupção. Conforme investigação do Ministério Público, participaram de um esquema de R$ 280 mil para a renovação de contrato sem licitação da empresa privada Raiz Soluções com a autarquia municipal Águas de Palhoça.

Também no térreo, em outra sala, fica a delegada de São Bento do Sul, Angela Teresa Bork Roesler, presa por peculato, compras ilegais, desvio de dinheiro público e escutas telefônicas ilegais.

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Nesta quinta-feira à tarde, a policial teve conversa com a advogada na cozinha da Deic. Um familiar de outra policial civil presa na Deic também esteve no prédio em visita.

A situação envolvendo os presos provoca desconforto aos próprios servidores, que estão descontentes. Isso pela função de carcereiro que alguns desempenham ou mesmo por certas situações que consideram de regalias, como em relação a alimentação diferenciada que parte dos detentos recebe.

Há relatos de envio diários de McDonald’s e outros lanches do tipo. A convivência entre os detentos nos espaços em que ficam, em determinadas horas, é taxada como chacrinha.

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Um advogado consultado pela reportagem afirmou que o preso tem direito à alimentação, mas que a responsabilidade de fornecê-la é do Estado, de acordo com a lei de execução penal. A mesma lei, no entanto, não especifica proibição do familiar em levar o alimento.

“Não pode haver tratamento diferenciado”

O DC consultou o delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, a respeito – o diretor da Deic, Akira Sato, está de férias. Aldo disse que não recebeu nenhuma reclamação, mas que iria verificar o que estava acontecendo.

Segundo ele, não pode haver tratamento diferenciado aos presos, a não ser em casos excepcionais, como policiais (têm direito a ficar em salas adaptadas como celas) e os que têm curso superior. Mesmo assim, afirmou que não é permitido qualquer tipo de regalia ou trânsito livre pelos corredores.

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– A Polícia Civil não tem uma sala de estado maior e não tem lugar para esses presos – comentou o delegado.