O cientista alemão preso pela Interpol em Florianópolis tentou vender projetos para empresas exploradoras de petróleo. Os dados, no entanto, seriam inexistentes. Mesmo assim, ele recebeu pelo trabalho. Pós-doutor em sua área, engenheiro e pesquisador Hartmurt Muller, 58 anos, foi condenado por estelionato. Ele estava foragido da Justiça alemã há dez meses por crime de fraude financeira. Segundo a investigação, o cientista teria dado um golpe milionário na Europa e estava morando na Ilha desde janeiro deste ano.

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Muller morava em uma cobertura na Rua Manoel Severino de Oliveira, na Lagoa da Conceição, Leste da Ilha. Ele estava chegando em casa em um carro BMW branco, nesta segunda-feira pela manhã, quando seis agentes da Polícia Federal (PF) de Santa Catarina deram voz de prisão.

Muito nervoso e tremendo, Muller não conseguia falar. Sua namorada estava ao lado, chorando. O alemão foi levado para o prédio da Superintendência da PF/SC, na Capital.

O delegado da PF/SC e representante da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) em SC, Gerson Luiz Muller, contou que a Interpol na Alemanha expediu uma difusão vermelha para a Interpol no Brasil. Esta é uma espécie de alerta para prender com fins de extradição, enviado para os 188 países membros da organização, no mundo. A informação era de que o estelionatário estrangeiro, condenado em dezembro de 2011 pela Justiça alemã, estaria morando em Florianópolis.

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Muller foi condenado por estelionato porque teria vendido, desde 2006, a órgãos governamentais e grandes companhias privadas de países como Alemanha, Rússia e Chipre, um projeto de segurança de transmissão de dados. As informações do projeto seriam inexistentes. Mesmo assim, ele teria recebido, em parcelas, um total de 4 milhões de euros (equivalente a R$ 10,5 milhões) para desenvolvimento de uma teoria científica infundada relacionada a tecnologia de segurança para serviços bancários online.

Mesmo em greve, quatro agentes federais começaram a investigar o paradeiro do foragido. Eles tinham uma foto do alemão. A primeira linha de investigação apontava que Muller estaria residindo na Barra da Lagoa.

Em setembro de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, expediu o mandado de prisão preventiva, com fins de extradição, contra o engenheiro.

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Em seu depoimento à Interpol/PF/SC, o pesquisador negou o crime, alegou ser vítima e disse que uma empresa não autorizada vendeu seu projeto. De acordo com o delegado Gerson, o alemão assumiu a autoria do projeto e contou que estava tentando vendê-lo para grandes companhias brasileiras, principalmente empresas exploradoras de petróleo.

Educado, de pele bronzeada, vestindo calça jeans, camiseta polo azul e tênis cinza, o engenheiro foi escoltado até o Instituto Médico Legal (IML), onde fez exame de corpo de delito. Na sequência foi levado à Central de Triagem do Estreito.

Um advogado estaria vindo de São Paulo para defendê-lo. Muller vai aguardar o julgamento de sua extradição pelo STF, procedimento que demora meses, até retornar a Alemanha.

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Prisão de alemão gera ocorrência na PM

Vizinhos de Hartmurt Muller assistiram a prisão do morador estrangeiro. Como os policiais federais estavam com roupas e viatura descaracterizados; e por causa dos últimos assaltos no bairro, os vizinhos acharam que Muller e a companheira estavam sendo sequestrados. Imediatamente um deles acionou a Polícia Militar.

O morador contou para a PM que um casal de americanos tinha sido sequestrado e os bandidos haviam fugido com os reféns. A ocorrência foi gerada com prioridade.

O comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Araújo Gomes foi acionado e na hora enviou duas viaturas do Batalhão de Choque, unidade especializada da PM, além de ir pessoalmente verificar a ocorrência.

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Os procedimentos de praxe foram tomados. Todos os batalhões foram comunicados e a PM já estava tomando providências para fechar a ponte quando tudo foi esclarecido.

Uma das viaturas do Choque acabou se envolvendo em um acidente de trânsito com uma camionete Hilux. Ninguém se feriu e a viatura está baixada.

Na avaliação da PM, o morador agiu certo porque tentou ajudar alguém supostamente em apuros. Na avaliação da PF, a PM agiu corretamente porque foi prontamente atender uma ocorrência que poderia ser real.

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