O doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da Operação Lava-Jato e preso em Itapoá na segunda-feira (20), morava em um condomínio de luxo na cidade do Litoral de Santa Catarina. Conforme o mandado de prisão da Polícia Federal (PF) que o AN teve acesso, o local fica na Avenida Brasil, de frente para o mar.
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À reportagem do AN, moradores de Itapoá relatam a presença de Youssef na cidade desde o ano passado e confirmam até já ter participado de churrascos com o doleiro. Além disso, ele fazia algumas festas no município.
Ao chegar no imóvel, às 18h02min, a PF foi recebida pelo porteiro, que confirmou que Youssef morava no local e que trabalharia no porto de Itapoá. O porteiro teria dito aos policiais que o doleiro saía casa, todos os dias, às 7h30min e retornava às 18h. No dia da prisão, porém, ele chegou apenas às 18h40min, dirigindo um veículo da marca Mercedes-Benz e falando ao telefone.
Porém, o Porto de Itapoá, por meio de nota, afirma que Youssef não é funcionário e nunca trabalhou no local, contrariando o que o porteiro do condomínio disse à Polícia Federal.
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Após ser abordado, Youssef afirmou que estava conversando com o advogado, Luiz Gustavo Flores. Ao ser informado da prisão, conforme a PF, o doleiro ficou “inconformado”. Ele foi colocado na viatura, sem ser algemado, e levado até a sede da PF em Curitiba.
Liminar pede soltura, mas doleiro segue preso
O juiz Eduardo Fernando Appio, que substitui Sérgio Moro na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba (PR), pediu novamente a prisão preventiva do doleiro Alberto Youssef. A decisão ocorreu momentos depois do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) conceder uma liminar de soltura do doleiro.
A informação foi confirmada à reportagem do AN pelo advogado de defesa Luis Gustavo Flores e pela assessoria de imprensa da 13ª Vara Federal de Curitiba. A prisão, conforme o juiz, é para assegurar a aplicação da lei penal. Com isso, Youssef segue detido na sede da PF em Curitiba. Flores criticou a medida do juiz.
— Desrespeitando a decisão do TRF — disse.
Motivos da prisão de Youssef
Entre os fatos apurados pela Receita Federal, segundo a decisão do juiz, está a tentativa de compra de um avião e um helicóptero feita pelo doleiro, e diversos endereços em seu nome, o que “evidencia uma situação muito privilegiada e incompatível com as condenações já proferidas em matéria criminal”.
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“Deixa evidenciado que o acusado não devolveu aos cofres públicos todos os valores desviados e que suas condições atuais de vida são totalmente incompatíveis com a situação da imensa maioria dos cidadãos brasileiros”, disse o juiz em relatório.
Preso durante a investigação da primeira fase da Lava-Jato, em 2014, o doleiro fez acordo de delação premiada em troca de informações que poderiam ocasionar a prisão de outras pessoas envolvidas. Ele deixou o regime fechado em 2016 e utilizou tornozeleira por mais um ano.
Youssef é apontado como chefe de um esquema de pagamentos de propinas e lavagem de dinheiro. O Juiz Eduardo Appio afirmou ainda que a investigação comprovou que, além de atuar na lavagem de dinheiro, o doleiro “tornou-se o personagem central da engrenagem que permitiu o desvio de muitos milhões dos cofres públicos e das estatais”.