Um detendo do Presídio Regional de Joinville foi atendido após apresentar suspeita de meningite na tarde do último domingo (8). O diagnóstico médico de meningite bacteriana foi confirmado na manhã desta segunda-feira (9).
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De acordo com um agente penitenciário que não quis se identificar, por volta das 16h outros detentos do mesmo pavilhão chamaram os agentes e pediram por auxílio de saúde. O detento foi retirado da cela e atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo o agente, ele apresentava alucinações, febre alta e foi conduzido ao Pronto Atendimento (PA) Sul.
– Nós tivemos que ajudar o Samu a imobilizar. Ele (o detento) fez um pouco de força e tentou morder a gente. Tivemos que o amarrar com faixa na maca para que ele fosse conduzido. Chegando ao PA, ele ainda estava fora de si, se debatendo, adrenalina a mil. Aí os profissionais tranquilizaram ele – conta.
Na cela onde estava o detento havia 16 reclusos. Tanto os seis agentes penitenciários quanto os detentos e outras pessoas que tiveram contato próximo ao presidiário, tiveram de tomar medicamentos, disponibilizados por meio da vigilância sanitária, para controlar a situação e evitar o risco de contágio.
Em nota, o Departamento de Administração Prisional (Deap) informou que nenhum outro caso suspeito foi detectado até o fim desta segunda-feira e as atividades na unidade permaneceram normalizadas.
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O preso realizou os exames de sangue que indicaram o problema e, após, foi encaminhado ao Hospital São José onde permanece internado.
Para o agente, a situação é reflexo de problemas estruturais que o presídio tem enfrentado.
– É difícil trabalhar. Ontem, no meu plantão, estávamos em seis agentes, e ainda aconteceu essa situação. A gente já está com o psicológico meio abalado. Alguns (agentes) tiveram que pedir afastamento porque acabam adoecendo. É bem difícil – comenta.
Falta de atendimento médico

Em nota, a Associação dos Agentes Penitenciários e Socioeducativos do Estado de Santa Catarina (AAPSS) questionou a falta de disponibilidade de profissionais de saúde em tempo integral para as unidades prisionais, para reforçar o atendimento médico preventivo aos internos e preservar a saúde de servidores e envolvidos.
No fim da tarde, o Deap respondeu ao questionamento, ainda por meio de nota, informando que, em caso de necessidade, os gestores das unidades podem acionar os serviços governamentais para buscar atendimento médico.
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– O fato de não ter equipes de plantão 24 horas não significa que os internos ou agentes não irão receber atendimento, em caso de necessidade – diz a nota.
Veja as notas na íntegra:
O que diz a AAPSS
"A Associação dos Agentes Penitenciários e Socioeducativos do Estado de Santa Catarina (AAPSS/SC) vem por esta nota, questionar realização efetiva pelo fato ocorrido em Joinville.
Na tarde de ontem (08.09), um interno do Presídio Regional de Joinville passou mal, sendo primeiramente socorrido pelos agentes penitenciários plantonistas, acionando o Samu e acompanhando até o hospital, que após 4 (quatro) horas de análises e exames, constatou-se meningite bacteriana, estando assim em risco à saúde de todos em contato com o infectado, prontamente a médica responsável prescreveu medicamentos preventivos aos agentes e internos.
Esperamos uma medida séria e efetiva do poder público, disponibilizando profissionais de saúde em tempo integral para as unidades prisionais, visando um atendimento médio preventivo aos internos e assim preservando a saúde dos servidores e demais envolvidos.
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Os servidores do sistema prisional trabalham em unidades insalubres e de tão alto risco, sem suporte ou amparo do Estado.
Sendo o sistema catarinense referência, isto jamais deve ocorrer, mesmo que isoladamente. Por fim, está claro que estamos muito aquém do cumprimento integral da Lei de Execuções Penais."
O que diz o Deap
"O Departamento de Administração Prisional (Deap) informa que um reeducando do Presídio Regional de Joinville foi diagnosticado com Meningite Bacteriana, nesta segunda-feira (09). Ele solicitou atendimento de saúde e foi encaminhado para uma unidade hospitalar do município, onde permanece internado em ala de isolamento.
Após a confirmação do diagnóstico, na manhã desta segunda-feira, 16 detentos e seis agentes penitenciários – que tiveram contato próximo com o preso – receberam medicação preventiva e deverão tomar uma dose complementar amanhã (terça-feira, 10). Nenhum outro caso suspeito foi detectado até o momento e a unidade está com as atividades normais.
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Quanto ao questionamento sobre a presença de profissionais da área de saúde em tempo integral nas unidades, o Deap informa que, em caso de necessidade, os gestores das unidades podem acionar os serviços governamentais para buscar atendimento médico. O fato de não ter equipes de plantão 24 horas não significa que os internos ou agentes não irão receber atendimento, em caso de necessidade."