Após quase mil casos confirmados em presídios de Santa Catarina – contando desde o início da pandemia, em março, até essa semana – o secretário de Administração Prisional e Socioeducativa do Estado, Leandro Lima, detalhou as ações tomadas para tentar evitar o avanço maior do novo vírus, em entrevista à CBN Diário nesta sexta-feira (24).
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O número subiu de 548 para 915 casos registrados em sete dias – um acréscimo de 66%. Segundo o boletim mais recente, a maior parte de infectados são de presos, com 716, além de 175 servidores públicos, 21 terceirizados e três adolescentes. Entre 1º e 8 de julho, o sistema passou de 127 positivados para mais do que o dobro (256).
Na última quinta-feira, a segunda morte por coronavírus no sistema carcerário de SC foi confirmada pela secretaria: o agente penitenciário Luiz Carlos Coelho, de 66 anos, que atuava na Penitenciária de Itajaí. Antes, um detento havia morrido no mês de junho, em Itapema. O próprio secretário da pasta testou positivo este mês, mas já se recuperou.
Em estruturas com espaços normalmente reduzidos para apenados, o desafio é grande para evitar o contágio. Segundo a secretaria estadual, foram tomadas medidas preventivas de restrição de acesso e isolamento social. Uma das ações são as visitas virtuais: foram cerca de 30 mil realizadas nos últimos quatro meses.
– Visitas, cartas, sacolas, os atendimentos aos advogados, todos estão sendo feitos de forma restritiva. Além disso, o Estado abriu um processo seletivo para a contratação de 122 profissionais da área de saúde. Destes, 108 já estão trabalhando exclusivamente na triagem inicial e na atenção básica voltada à prevenção e combate do coronavírus – declarou Lima.
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Ouça a entrevista completa para a CBN Diário:
O sistema prisional catarinense possui algo em torno de 29 mil pessoas, entre apenados e trabalhadores. Segundo o último boletim divulgado pela secretaria, 2.825 casos foram descartados para Covid-19. Entre os contaminados, 198 já se recuperam da doença. Há também 374 casos suspeitos de ter contraído o vírus, e outros 201 em monitoramento.
Grande parte dos casos em estabelecimentos prisionais foi registrada no Complexo da Canhanduba, em Itajaí. De acordo com Leandro Lima, o atendimento segue o mesmo em todas as unidades. A retomada ou suspensão das atividades estão acompanhando as medidas determinadas pela Secretaria de Saúde.
Secretário aponta número maior de prisões nas duas últimas semanas
Logo após o decreto estadual de calamidade devido à pandemia, mais de mil detentos tiveram progressão de regime e foram soltos por determinação judicial por estarem em grupos de risco ou próximos da liberação para o aberto.
– Houve um entendimento judicial bastante sensível para aquele momento, mas isso foi só no início. A entrada de presos vem tendo seu volume normal. Inclusive, mais do que o normal nas últimas duas semanas – revelou Lima.
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Entre as atividades remotas, também há uma parceira com o Tribunal de Justiça, que fez a doação de equipamentos para videoaudiências nas unidades prisionais, respeitando as restrições do Conselho Nacional de Justiça em casos específicos.
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