Um relatório do Ministério dos Direitos Humanos, ainda não publicado, revela as condições dos presídios de Santa Catarina. Em imagens que a NSC TV teve acesso, é possível ver os espaços sujos, apertados, paredes mofadas, colchões velhos e rasgados, inclusive em uma das alas do presídio de Florianópolis, onde um incêndio causou a morte de três detentos em fevereiro deste ano.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Grande Florianópolis pelo WhatsApp

Os registros foram feitos em uma visita pericial do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, órgão ligado a pasta. De acordo com o relatório, o incêndio foi uma das motivações para que a inspeção fosse feita, além da utilização de contêineres de metal como celas — situação já denunciada pelo grupo em 2015.

— Tanto nessa ala de adaptação, onde aconteceu o incêndio, que é uma masmorra, literalmente uma masmorra, e devem ser mais visitadas, e eu faço um apelo pra que as autoridades locais visitem os espaços, adentrem os espaços, para perceber que são completamente degradantes, insalubres e torturantes. Também a questão dos contêineres é absurda. É extremamente perigoso, caso haja, por exemplo, um incêndio naquele espaço que é completamente apertado, sobrecarregado, superlotado. É completamente inadequado — diz Bárbara Coloniese, perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura.

Famílias protestam em frente à penitenciária de Florianópolis após incêndio: “Justiça”

Continua depois da publicidade

As inspeções foram feitas também no presídio de Mafra e o Centro de Atendimento Socioeducativo de Joinville. O relatório gerado vai solicitar em todas as unidades melhorias e investigações aos órgãos competentes.

— São contêineres pequenos. […] No verão é muito calor ali dentro, né. A estrutura é pequena pra muita gente. E a sujeira, né, relata ali muito que tem rato. Então compra alguma coisa no pecúlio, por exemplo, tem que ficar de olho, uma briga, porque o rato vai passar —  disse a esposa de um dos presos em Florianópolis que não quis se identificar.

— [Para comer] é pão e água. Ele compra com o dinheirinho do pecúlio dele. Compra pão e toma água, um suquinho, né, os pacotinhos… porque lá as coisas são três vezes mais caras do que no mercado aqui fora — diz.

Conforme o representante dos familiares de detentos, Leonardo Medeiros de Souza, já existiam muitas denúncias da precariedade dos presídios, incluindo de comidas estragadas.

Continua depois da publicidade

— Muitas denúncias de comidas azedas e frutas azedas. Então isso é um absurdo. E o que tá acontecendo hoje, justamente por terem acabado com as sacolas, impedirem as famílias de levarem o próprio alimento e diminuir a lista do pecúlio e o valor do pecúlio é que colocam eles em uma condição de fome hoje no estado de Santa Catarina — afirmou.

—  As famílias são muito importantes para a ressocialização, como o código penal garante. Então não é um papel somente do Estado, mas o carinho, o afeto dessas famílias e dessas pessoas é muito importante pra ressocialização e resgatar a normalidades desses presos — continuou.

Por nota, a Secretaria de Administração Prisional reconheceu que existem problemas estruturais na penitenciária de Florianópolis e afirmou que o atual governo vem estudando alternativas para resolver a situação a curto prazo. Em relação à alimentação, o órgão afirmou que não há denúncias documentadas sobre o assunto, mas que os fatos serão apurados, assim como as providências cabíveis serão tomadas.

O órgão, porém, não se manifestou sobre as visitas por direito dos internos.

Veja fotos

(Foto: Relatório Ministério dos Direitos Humanos)
(Foto: Relatório Ministério dos Direitos Humanos)
(Foto: Relatório Ministério dos Direitos Humanos)
(Foto: Relatório Ministério dos Direitos Humanos)
(Foto: Relatório Ministério dos Direitos Humanos)

Leia também

Internações por gripe crescem 56% em hospitais de SC em 2023, alerta Saúde

Continua depois da publicidade

Menino de SC que foi encontrado em São Paulo será transferido para abrigo da Grande Florianópolis