Para resolver a situação de duas unidades prisionais de Criciúma, no Sul do Estado, que foram interditadas devido a superlotação e condições insalubres, por determinação do juiz da Vara de Execuções Penais, Rubens Salfer, o Departamento de Administração Prisional (Deap) deu início a obras para abrir novas vagas.
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Justiça interdita Presídio Santa Augusta e Penitenciária Sul, em Criciúma
A interdição entrou em vigor na terça e, no mesmo dia, a obra começou no Presídio Santa Augusta. Segundo números do Poder Judiciário, a unidade tem capacidade para abrigar 390 presos na ala masculina, mas hoje abriga 576. Na área feminina, a situação se repete, com 92 detentas para 40 vagas. Já na Penitenciária Sul, a capacidade é de 552 reclusos, mas 696 estão presos na unidade.
Ao todo, 452 novas vagas devem ser geradas pela reforma, somando 712. A previsão é de que as novas alas estejam concluídas até o fim do ano. A Penitenciária Sul também deve receber obras até o fim deste mês, para a construção de mais 64 vagas.
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O projeto da obra inclui a demolição das partes antigas do prédio para abrigar uma nova área de saúde, cozinha, área de visitação, parlatório, espaço para trabalho e educação e sala de videoaudiências.
O diretor do Deap, Edemir Alexandre Camargo Neto, apontou que os detentos continuariam na unidade e só seriam removidos para as novas alas carceárias assim que a obra seja concluída.
Nesta quarta, entretanto, o Delegado Regional, Jorge Koch, o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Evandro Fraga, e o diretor do Presídio Santa Augusta, Jovino Zanelato, decidiram após uma reunião que os presos serão transferidos para alguma outra unidade do Estado em até 12 horas.
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Novos detentos serão mantidos na Central de Plantão Policial de Criciúma no período imediato à prisão. Após a lavratura do flagrante, o Deap será comunicado por e-mail e deve localizar uma vaga em qualquer unidade do Estado, para onde o conduzido será transferido. O translado também ficará por conta de agentes do Deap.
– Nós não temos aonde levar os presos. Quando a Polícia Militar ou Civil prende alguém, tem que levar para a delegacia e depois imediatamente para o presídio. Com a interdição do presídio, eles não recebem, e a Polícia Civil não pode ficar com presos na delegacia. Nós não temos espaço físico, não temos segurança, alimentação e higiene. É uma situação extremamente difícil – apontou Koch.
Outra questão que pode complicar a situação carcerária da região é um pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Criciúma, encaminhado ao Ministério Público nesta quarta-feira, pela interdição das celas de quatro delegacias em Criciúma, Urussanga, Forquilhinha e Içara. O que motivou a medida foi a falta de condições das instalações, inadequadas para abrigar detentos.
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– É preciso que o Judiciário e o Ministério Público ajam rapidamente. Lugar de preso é no presídio e nós temos que administrar essa situação. Claro que as delegacias há muito tempo não recebem presos, mas com o pedido da OAB daqui a pouco parece que vamos deixar a bandidagem fazer a festa. Queremos reiterar que vamos continuar fazendo nosso trabalho – completou o delegado.
Problema em todo o Estado
Apenas na região Sul, seis unidades prisionais estão parcial ou totalmente interditadas por superlotação ou condições insalubres, situação que se repete em 29 das 46 unidades de Santa Catarina. O Deap aponta que oito presídios estão em construção, o que deve gerar 3.477 novas vagas no Estado.