O presidente sírio, Bashar al Assad, fez uma visita surpresa nesta quarta-feira ao centro de formação de Belas Artes em Damasco, informou o Facebook da assessoria da presidência. “O chefe de estado chegou para participar em uma cerimônia organizada no Centro de Educação para as Belas Artes pelo ministério da Educação em homenagem aos pais dos estudantes mortos em colégios por causa de atos terroristas”, afirma a página, que posta fotos da visita.

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O centro é especializado na formação de Belas Artes para professores, padres e alunos e fica na zona Tijara, no leste de Damasco, perto do bairro de Jobar, onde testemunha há meses os confrontos entre as forças governamentais e os rebeldes.

Nesta quarta-feira, o regime e a oposição sírios pediram à comunidade internacional que atue para proibir a utilização de armas químicas na Síria, uma ação pela qual os dois grupos se acusam mutuamente. O ministério das Relações Exteriores sírio mandou uma mensagem para a ONU: “Os apelos feitos por países europeus e pela Liga Árabe para armar os grupos terroristas encorajaram estes grupos a seguir adiante e cometer seu crime atroz na terça-feira.Reiteramos que os compromissos da Síria são de não utilizar armas químicas, se existirem, contra seu povo e continuar perseguindo os terroristas e os que os apoiam por compromisso com a segurança do povo”.

Nesta carta, a Síria ainda “pediu à comunidade internacional que atue com seriedade e firmeza para proibir estes grupos terroristas de continuar com seus perigosos crimes contra o povo sírio”.

Por sua vez, o Conselho Nacional Sírio (CNS), o grupo mais importante anti-Assad, acusa o regime de “prosseguir com seus crimes contra o povo sírio” e pede “uma investigação internacional completa e o envio de uma equipe ao local: “O governo interino (que deve ser colocado em andamento pelos rebeldes) está pronto para receber uma delegação deste tipo e conduzí-la aos locais afetados para determinar quem são os responsáveis por estes crimes e levá-los à justiça”.

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A oposição acusa o regime de ter recorrido às armas químicas em Khan al-Assal, em Aleppo (norte), e em Atayba, no leste de Damasco:” Embora as armas químicas estejam proibidas internacionalmente, cada vez há mais provas de que o regime as utiliza”.

Já a Coalizão Nacional síria, a plataforma formada pelos principais grupos opositores ao regime de Damasco, sofreu um revés nesta quarta-feira com a suspensão da participação de 12 personalidades importantes no grupo. Entre estas pessoas, figuram o porta-voz da coalizão, Walid al-Bunni, e sua vice-presidente, Soheir Atasi. Esta suspensão ocorre após divergências pela eleição de Ghassan Hitto como primeiro-ministro interino para os territórios nas mãos dos rebeldes, na madrugada de terça-feira, durante uma reunião em Istambul.

Membros influentes da Coalizão, como Kamal Labwani, Marwan Hajj Rifai, Yehia al-Kurdi e Ahmad al-Assi Jarba também declararam terem congelado sua participação. Algumas fontes indicaram que são esperados mais anúncios.

Os críticos afirmaram que seu ato era motivado por várias razões, mas alguns mostraram sua desaprovação pela eleição de Hitto como primeiro-ministro e pelo procedimento seguido para designá-lo. Labwani afirmou que a eleição do primeiro-ministro deveria ter sido realizada por consenso:

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– A Coalizão é um organismo que não foi eleito e, por isso, não tem o direito de eleger um primeiro-ministro com base em um voto majoritário – declarou.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) afirmou que as forças sírias bombardearam o sul de Damasco, incluindo o campo de refugiados palestinos de Yarmouk, e a aviação realizou bombardeios sobre o norte e o centro do país nesta quarta-feira:

– As forças do regime bombardearam as localidades de Hajar al-Aswad e Daraya, nos subúrbios do sudoeste de Damasco. As localidades de Yarmouk e Qadam foram palco de violentos combates entre rebeldes e forças governamentais durante a noite. As tropas também bombardearam Beit Khan, nas Colinas de Golã, no sul da Síria. Além disso, a aviação do regime bombardeou a província de Hama e Raqa, cuja capital de província homônima caiu nas mãos dos rebeldes.Também ocorreram confrontos em Homs.

Segundo a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram em dois anos de um conflito no qual nenhuma das partes consegue alcançar uma vitória decisiva.

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