A falta de anestesistas no hospital regional Homero de Miranda Gomes, em São José tem sido a responsável por grande atraso na realização de cirurgias. Os 21 profissionais que atuam não dão conta de atender a demanda que para ser sanada, precisaria de pelo menos mais 60 especialistas. Os pacientes – literalmente pacientes, aguardam meses pela cirurgia restauradora/reabilitadora. Isso parece notícia velha. Mudaram os personagens, mas não a história.

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A novidade agora foi a infeliz declaração da secretária de Estado da Saúde, Tânia Eberhardt que para se esconder atrás de uma cortina de fumaça, deu a entender que a culpa é dos médicos. Disse ela sentir-se frustrada após 16 processos seletivos sem conseguir contratar anestesistas que poderiam ganhar até R$ 25 mil por mês. Ora, cidadão! Um salário de R$ 25 mil não é um salário a ser desprezado por nenhum trabalhador. Cabe perguntar: por que os anestesistas não querem trabalhar por este valor? Simples: no último edital oficial de convocação o valor oferecido aos médicos era menor do que R$ 7 mil, sem citar os descontos de Imposto de Renda, Previdência etc. Afirma ainda a secretária que os médicos terão remuneração por produtividade. É um equívoco pensar que remunerando desta forma a situação da falta de médicos será amenizada.

A meritocracia não é certeza de justa remuneração. Os médicos querem trabalhar e oferecer uma saúde de qualidade. Frequentemente denunciam as mazelas no serviço público, tais como salas de cirurgias fechadas, leitos desativados, equipamentos obsoletos… Não é justo que sob eles recaia a falta de competência dos gestores estaduais, por não perceberem que o real motivo pela não adesão dos médicos ao serviço público é a baixa remuneração. A saúde precisa ser prioridade em Santa Catarina.