O Sindicato dos Médicos de Santa Catarina, em nota divulgada à imprensa, critica a interferência de não médicos no tratamento contra a covid-19. Em entrevista ao Notícia na Manhã, Cyro Soncini, presidente do Simesc, explicou os pontos levantados e citou problemas no diálogo com os gestores dos municípios.

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— Alguns prefeitos fazem a interferência indevida não contra a autonomia, mas contra o direito do cidadão. Todos temos direito a tratamento médico por médico, mas alguns não? Alguns podem ser qualquer cidadão? Não! Geralmente quem comete esses atos de interferência são os gestores, aqueles que têm a caneta, o poder de tentar buscar uma solução e nem sempre é a mais adequada – disse Soncini, citando a contratação de profissionais não médicos para atender a população.

Ouça a entrevista na íntegra

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Confira a nota do Simesc

Estamos no momento de maior fragilidade pelo agravamento e evolução da Covid-19 em âmbito nacional e estadual desde que esse desafiador processo foi instalado há 12 meses. Por fatores que agravam essa situação, faz-se necessário que o Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina reafirme sua posição sobre a autonomia do médico.

Além da doença que mutilou famílias e nos tirou do convívio com dezenas de médicos, vislumbramos uma nova luta: o absurdo que se configura a interferência de não médicos na decisão de instituir ou não instituir o tratamento para a Covid-19.

Não bastasse isso, alguns gestores públicos insistem na contratação de pessoas não habilitadas para trabalhar como médico. Convivemos também com outros que demoram na aplicação das vacinas, o que gera mais insegurança na população e entre os profissionais da saúde.

No meio da insensatez causada pelas atitudes citadas, a combativa população catarinense sofre…

A autonomia do médico tem respaldo do Conselho Federal de Medicina – Parecer 4/2020, endossado por nota do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina – em que reforçam que “O princípio que deve obrigatoriamente nortear o tratamento do paciente portador da Covid-19 deve se basear na autonomia do médico e na valorização da relação médico-paciente, sendo esta a mais próxima possível, com o objetivo de oferecer ao doente o melhor tratamento médico disponível no momento”.

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Ou seja, o médico tem a autonomia para deliberar junto com seu paciente sobre a melhor opção terapêutica para o tratamento da Covid-19 e para todas as demais doenças que se apresentam em nosso cotidiano.

Para cumprir tal desiderato – adotar conduta médica com autonomia, o médico estuda muito durante toda a vida e, formada a sua convicção, tem o dever ético de oferecer ao paciente o que entender ser o melhor para aquele caso. Na sagrada clausura do seu consultório devem decidir os dois – e mais ninguém!

Nossa bela e digna profissão não pode ser apequenada por decisões que não a respeitem e insistimos para que os médicos resistam a interferências, e devem promover denúncias às entidades que representam a categoria quando acharem pertinente.

Cada médico é um e cada paciente é único!

Nós, do Sindicato dos Médicos, permanecemos à disposição.

Pela autonomia do médico, sempre!

A Diretoria

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