*Por José Marques

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou neste domingo (14) que a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP) defende uma "democracia da conveniência" e "acha bom quando o partido decide como ela quer e ruim quando decide como ela não quer".

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A fala de Lupi rebateu ao artigo de Tabata publicado no jornal Folha de S.Paulo, em que ela criticava a falta de "mais democracia interna" nas estruturas partidárias. A deputada tem sido alvo de crítica dos correligionários por ter votado a favor da reforma da Previdência na Câmara, descumprindo ordem interna da sigla.

— Se ela acha que a esmagadora decisão de uma convenção nacional de mais de 500 membros, em que ela estava presente, não é democrática, quero saber o que ela acha que é (democrático). É ouvir o Jorge Paulo Lemann? — questionou Lupi, se referindo ao bilionário cuja fundação apoiou a trajetória da deputada.

No artigo, Tabata diz que partidos tentam se modernizar, mas "ainda ostentam estruturas antigas de comando, e na maioria faz falta mais democracia interna".

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"Muitas vezes, consensos sobre pautas complexas não são construídos de baixo para cima, e cartilhas antigas se sobrepõem aos estudos e evidências", escreveu ela. "Quando algum membro decide tomar uma decisão que considere responsável e fiel ao que acredita ser importante para o país, há perseguição política. Ofensas, ataques à honra e outras tentativas de ferir a imagem tomam lugar do diálogo. Exatamente o que vivo agora", emendou.

Lupi nega que a deputada tenha sofrido esse tipo de ataque.

— Eu quero te perguntar onde tem alguma palavra da direção do PDT ofendendo a honra dela. Você pode procurar e não vai achar. Nós restringimos e criticamos o comportamento dela, não a honra — disse o dirigente.

Para ele, o artigo de Tabata "é natural em alguém que queira justificar os seus erros".

— Foi um partido que a recebeu de portas abertas. Incentivamos, apoiamos, era um nome que a gente cogitava para ser prefeita de São Paulo — afirmou.

Além dela, outros sete dos 28 deputados do PDT votaram a favor da reforma. Eles serão alvo de um processo disciplinar da sigla, que será aberto pela comissão de ética e, depois, irá para análise da direção nacional.

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Durante a semana, o principal líder da legenda, o ex-ministro Ciro Gomes, chegou a defender que a deputada deixe o PDT.

— Não acho, francamente, que ela tenha mais lugar para ficar no PDT — afirmou na quinta-feira (11). — Não está no partido correto. Ela, pessoalmente, deveria ter a dignidade de sair — reforçou, na sexta (12).

Após a publicação do artigo de Tabata, o PDT nacional publicou nas redes sociais: "Somos contra esta reforma da Previdência e não nos rendemos."

Pela lei, o mandato do deputado expulso pertence a ele. Se for defenestrado em um dia, no outro já pode se filiar a outra agremiação. Outra opção sobre a mesa é aplicar punições mais brandas, como reprimenda pública aos insurgentes ou remoção de postos.

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