Confortável na poltrona da própria sala de estar, Ely Diniz da Silva Filho, 63 anos, quase não percebe o tempo passar quando a conversa chega à paixão que traz milhares de bailarinos ao Estado e contagia joinvilenses todos os meses de julho há 32 anos. “É um prazer”, define seu cargo no Instituto Festival de Dança de Joinville. É com tranquilidade que ele assume a empreitada de um dos maiores eventos culturais de Santa Catarina por quase oito anos, quando passou do comando da assessoria de imprensa à presidência.

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O sentimento compartilhado pelos bailarinos também parece contaminar a vida pessoal de Ely, que estampa na parede da sala de jantar um quadro de Juarez Machado no qual o tema principal é a dança. Sobre a mesa de centro da sala o livro Palco da Sagração conta a trajetória dos 30 anos do festival.

“Joinville me conquistou por ser uma cidade calma, verdejante. Aqui consegui desenvolver o meu projeto de carreira. A cidade fez com que eu pudesse sentir que contribuí com algo de alcance maior, algo que repercute para um monte de gente. Quando eu penso o que as pessoas fazem para estar no Festival de Dança… É uma responsabilidade muito grande.”

O relações-públicas fez de Joinville uma escolha de mudança há 27 anos, quando deixou São Paulo para abrir uma agência de comunicação em parceria com um amigo. Além da oportunidade de iniciar uma nova fase profissional, Ely buscava em Joinville qualidade de vida para a esposa, a arquiteta Rose Silva, e os dois filhos.

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Nascido em Valparaíso, no interior de São Paulo, o atual presidente do Instituto Festival de Dança mudou jovem para a capital paulista. O primeiro emprego foi aos 16 anos, como escriturário de banco, área em que atuou até encontrar na faculdade de Relações Públicas a verdadeira vocação.

A comunicação o levou para a extinta Rede Ferroviária Federal S.A., onde foi o funcionário mais jovem a assumir uma das gerências. No cargo, mantinha contato direto com o ministro dos Transportes e foi se aperfeiçoando na realização de grandes eventos. Ely Diniz só abriu mão da vida estável em São Paulo após conhecer o Norte de Santa Catarina, a convite de um amigo, e encantar-se pelo mercado promissor da região.

Em Joinville, tudo começou com a

a abertura de uma agência de comunicação

Depois de cinco anos, abriu uma agência de comunicação, a EDM Logos, especializada no atendimento a corporações nacionais e multinacionais com sede em Santa Catarina. Foi no ramo que atua há mais de 40 anos que ele teve o primeiro contato com o maior festival de dança do mundo, segundo o Guinness Book, produzindo o suplemento Na Ponta dos Pés e mantendo a assessoria do evento até 2006.

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O envolvimento com a dança foi crescendo paulatinamente. O empresário participou ativamente da transição da administração do evento, que em 1999 deixou de ser responsabilidade da prefeitura de Joinville para se tornar uma instituição independente na busca por mais vias de recursos e crescimento.

Além do amor à dança, arte que Ely Diniz não tinha contato até iniciar a assessoria do festival, a vinda para Santa Catarina também despertou outras paixões no empresário, como curtir fins de semana em Balneário Camboriú e viajar de jipe pelas vilas do Planalto Norte.

– Santa Catarina me proporcionou uma vida social mais intensa, uma convivência mais estreita com as pessoas. E eu valorizo muito isso.

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Certo das necessidades do evento que acompanha de perto desde 1989, Ely Diniz se autodesafiou quando foi convidado pelo presidente da Fundação Cultural a assumir a liderança do Instituto Festival de Dança em 2007. Para ele, faltava mostrar o Festival de Dança de Joinville para o mundo e moldá-lo ao formato internacional de competições de dança. Desde então, persegue a adaptação de gêneros e categorias que colocam o evento alinhado aos melhores do mundo na área, embora o da cidade seja o primeiro de nível amador a reunir sete gêneros (balé neoclássico, repertório, jazz, danças urbanas, dança contemporânea, sapateado e danças populares), modelo que inspirou outros festivais e mostras pelo Estado.

– Por esta busca pela qualidade, o nosso festival hoje é copiado por todo o Brasil – comemora.

O empenho no segundo mandato consecutivo na presidência do instituto – que se encerra em fevereiro de 2015 – soa como uma forma de agradecimento pelos frutos colhidos em Joinville.

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– O primeiro ano não foi fácil. Começamos cortando todos os excessos. De R$ 3 milhões, tivemos que fazer o festival com R$ 1,5 milhão. Mas o instituto foi primordial para o profissionalismo do evento – avalia.

À frente dos esforços de uma equipe apaixonada pela dança, Ely Diniz atribui grande parte do sucesso também ao espírito de cooperação dos joinvilenses que acompanham a realização do evento desde a primeira edição.

– Temos profissionais que param suas atividades para trabalhar no Festival de Dança. Isto de envolver toda a cidade é um dos méritos do evento desde o início – destaca.

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> Uma das dicas do paulista que adotou Joinville para viver são as vilas próximas a Campo Alegre, no Planalto Norte, a uma hora de Joinville. Para chegar até Bateias de Cima e Bateias de Baixo, por exemplo, é preciso pegar estradas de chão, mas o visual compensa, garante Ely. O nome da cidade é uma alusão às belas paisagens naturais, especialmente os campos cobertos de araucárias. O artesanato é caracterizado pelos artigos produzidos com a lã de ovelha, como acolchoados, mantas, cachecóis, xales coloridos, ponchos e palas.

– Gosto de ir descobrindo, entrando nos estabelecimentos e conhecendo os produtos locais.

Foto Marcos Porto

> Para descansar e ficar tranquilo, Ely Diniz elegeu a cidade de Balneário Camboriú como roteiro de todo o fim de semana

> Nos passeios de jipe pelas cidades vizinhas a Joinville, o relações-públicas costuma visitar a Estrada Rio do Júlio, em Schroeder, no Vale do Itapocu. O percurso é acompanhado de belos cenários com cascatas, riachos e muita vegetação.

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