O presidente do Banco Mundial (BM), Robert Zoellick, afirmou nesta segunda que a crise financeira global destacou a necessidade de reestruturar o atual sistema multilateral e pediu a substituição do G7 por “um grupo melhor”.
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– O Grupo dos Sete (G7, os países mais industrializados) não funciona – declarou Zoellick no texto de um discurso que pronunciará nesta segunda e que o BM antecipou.
– Precisamos de um grupo melhor para tempos diferentes – afirmou Zoellick no texto de seu discurso, no qual pede a criação de um novo grupo flexível que inclua em uma primeira fase Brasil, China, Índia, México, Rússia, África do Sul e os atuais membros do G7 (EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido).
Para o presidente do BM, o novo grupo deveria “evoluir para se adaptar a algumas circunstâncias em transformação” e ter flexibilidade suficiente para incorporar as potências emergentes, além de servir como uma rede de interação freqüente.
– Necessitamos de um Facebook (uma rede de relacionamento virtual) para a diplomacia econômica multilateral – afirmou o responsável pelo BM.
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Zoellick insiste na necessidade da existência de um núcleo de ministros de Finanças que tenha a responsabilidade de se antecipar a possíveis problemas, compartilhar informação e impressões, explorar interesses mútuos e mobilizar esforços para solucionar problemas.
O novo grupo representaria cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, 56% da população e 62% da produção energética. Além disso, os integrantes desse novo grupo são os principais atores nos mercados de capitais globais, as matérias-primas e os mercados de câmbio, segundo o BM.
Zoellick ainda se mostrou contrário a batizar o novo grupo de G-14:
– Não criaremos um novo mundo simplesmente remodelando o velho – diz o texto.
Segundo Zoellick, o novo grupo “não deverá ter um número, deverá ser flexível e, com o tempo”, poderá “evoluir”. Outros membros poderiam ser incorporados, “sobretudo se suas crescentes influências” forem “acompanhadas do desejo de compartilhar responsabilidades”, afirma.
O presidente do BM diz que o novo grupo deveria manter reuniões regulares, sejam elas pessoais ou por meio de videoconferências:
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– O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, (…) junto com a Organização Mundial do Comércio (OMC) – poderiam apoiar esse grupo, destaca Zoellick.
Em sua opinião, estes organismos poderiam ajudar a identificar problemas, fornecer análise e propor soluções, entre outras funções. Para Zoellick, a atual crise financeira global, que se desencadeou nos EUA em meados de setembro, ressalta a interconexão dos mercados e evidencia a necessidade de que a resposta a estas situações seja mais ampla e global.
Eleições nos Estados Unidos
Em seu discurso, ele se refere também às eleições que serão realizadas em 4 de novembro nos Estados Unidos e aos desafios da próxima administração:
– No próximo mês, os EUA elegerão um novo presidente – lembra Zoellick, para quem uma das principais responsabilidades da próxima administração será lidar com as seqüelas da atual crise sobre a economia do país.
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– O destino apresenta uma oportunidade envolvida em uma necessidade: modernizar o multilateralismo e os mercados – ressalta Zoellick.
Seu discurso, previsto para as 13h30min (horário de Brasília) no Instituto Peterson, um centro de estudos de Washington, acontece dias antes da Assembléia anual conjunta do FMI e do BM, marcada para o próximo fim de semana na capital americana. O evento reunirá também os ministros de Finanças e chefes de governo do G7, que se encontrarão em Washington num momento crítico para a economia global.
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