O julgamento do presidente deposto do Egito, Mohamed Mursi, que havia começado pouco antes das 7h (horário de Brasília), foi adiado para o dia 8 de janeiro.

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Em sua primeira aparição pública desde que foi destituído pelo Exército, em 3 de julho, o primeiro presidente egípcio eleito democraticamente desafiou o tribunal.

– Sou o doutor Mohamed Mursi, o presidente da República. Este tribunal é ilegal – declarou.

Irritado, Mursi teria interrompido a sessão repetidas vezes, levando o juiz a suspender os trabalhos.

Mursi é acusado de incitar as forças de segurança a matar manifestantes diante do palácio presidencial no dia 5 de dezembro de 2012.

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Esta é a primeira aparição pública de Mursi, que pode ser condenado à pena de morte ou prisão perpétua, desde que foi destituído no dia 3 de julho. O juiz responsável pelo caso proibiu o uso de câmeras, gravadores e telefones dentro do tribunal.

Manifestantes que apoiam Mursi e a Irmandade Muçulmana fizeram protestos, do lado de fora da Academia, e foram dispersados por bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela polícia.

Um efetivo de cerca de 20 mil soldados da Polícia e das Forças Armadas foi deslocado para os arredores do tribunal, para impedir que qualquer manifestação termine em confusão.

Segundo fontes da segurança local, a audiência atrasou porque o ex-presidente, primeiro eleito democraticamente no Egito, não apresentou-se com a roupa branca exigida para os detentos e o juiz, então, optou por esperar a troca de roupa para iniciar o processo.

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Mursi permaneceu apenas um ano no poder e foi mantido em detenção pelo Exército em um local secreto desde sua destituição. Nos dias anteriores a sua queda, milhões de egípcios saíram às ruas para pedir sua renúncia.

O movimento o acusava de ter centralizado o poder em benefício da Irmandade Muçulmana.

Vários partidários do ex-presidente, no entanto, sofrem com a repressão das autoridades que assumiram o poder em 3 de julho após o golpe do exército, e convocaram uma mobilização para hoje.

O novo governo reprimiu de forma violenta os manifestantes pró-Mursi desde 14 de agosto, quando policiais e soldados mataram centenas de partidários ao dispersar um protesto no Cairo.

Desde então, mais de mil manifestantes morreram e mais de 2 mil membros da Irmandade Muçulmana foram detidos, incluindo seus principais líderes.

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Mursi saiu de um lugar secreto e foi levado de helicóptero para a Academia de Polícia, ao lado do presídio de Tora, no Cairo, onde está acontecendo o julgamento do ex-presidente ao lado de 14 ex-dirigentes de seu governo.