Após se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Paulo, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que ainda não sabe se Jair Bolsonaro (PL) vai manter a reunião marcada com ele para esta segunda-feira (4) em Brasília. O presidente brasileiro disse na sexta (1º) que cancelaria o encontro.

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No entanto, oficialmente a comitiva portuguesa não foi comunicada sobre um cancelamento e o evento continua na agenda. Rebelo afirmou que se não receber uma confirmação sobre o encontro na tarde deste domingo (3), partirá para um “plano B” e ficará por mais um dia em São Paulo.

— Houve um convite escrito, aceitei por escrito. Vou ficar no programa originário. Se até o começo da tarde não houver confirmação por escrito, fico por São Paulo — afirmou.

O presidente português negou, porém, que o episódio tenha gerado um incidente diplomático entre os dois países.

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— Eu diria, como chefe de Estado, que não alterou nada nem no meu relacionamento com o chefe de Estado brasileiro, nem do Estado português com o Estado brasileiro nem no relacionamento entre o povo português e o povo brasileiro — disse à imprensa, após o encontro.

Rebelo afirmou que não tratou do tema com Lula nem sobre a campanha eleitoral brasileira. Segundo ele, os dois conversaram sobre a Guerra da Ucrânia e seus impactos sobre o mundo e a América Latina.

Após o encontro com Lula, Rebelo iria visitar a Bienal do Livro e, no começo da tarde, se encontraria com o ex-presidente Michel Temer (MDB).

Antes de embarcar para o Brasil, no aeroporto de Lisboa, logo após Bolsonaro dizer que desistiria do almoço com Rebelo, o líder luso minimizou o fato.

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— Não vale perder um segundo com um almoço quando há amizade entre os povos. O que importa é a amizade entre os povos, não a ligação entre os políticos — disse à imprensa, minutos antes de embarcar para a celebração do centenário do primeiro voo transatlântico Portugal-Brasil.

— Quem convida é quem pode decidir se mantém ou não o almoço — afirmou Rebelo, que não descartou um novo almoço com Bolsonaro “daqui a alguns meses, meio ano”.

O líder brasileiro confirmou à CNN Brasil que a mudança de planos ocorreu devido a uma agenda que Rebelo teria com Lula, adversário de Bolsonaro nas eleições.

Como presidente, Rebelo é chefe de Estado em Portugal. O comando de governo é exercido pelo primeiro-ministro, o socialista António Costa. Trata-se da segunda vez que Rebelo vem ao Brasil em menos de um ano -em julho de 2021, ele participou da reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

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Apesar de Portugal manter importantes laços econômicos, sociais e culturais com o Brasil, as relações entre os líderes dos dois países mantiveram-se distantes durante a gestão Bolsonaro. O presidente brasileiro, por exemplo, até o momento não visitou Portugal durante seu mandato -ao contrário de todos os líderes desde a redemocratização, com exceção de Itamar Franco.

A passagem anterior de Rebelo ocorreu num período agudo da pandemia, e o encontro repercutiu na imprensa portuguesa pela diferença de comportamento das duas delegações. O líder português e seus assessores chegaram ao Palácio da Alvorada usando máscaras, enquanto Bolsonaro dispensou o item.

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