Evaldo Dreher, presidente da Tigre, nos recebeu para uma conversa de 65 minutos em uma sala de reuniões no térreo do prédio administrativo, em Joinville. Informal e sorridente, vestindo um blazer e camisa com a logomarca da companhia, – “É assim que me visto nos dias de verão, até março” – indicou os passos futuros da empresa.
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Atualmente, a multinacional joinvilense do setor plástico emprega 7 mil funcionários. A média anual de investimentos da companhia nos últimos dez anos é de 200 milhões.
Sentado à cabeceira da mesa, como convém a um líder, falou quase sem reservas. Esquivou-se apenas de contar números da lucratividade.
– Para não dar munição à concorrência -, argumenta.
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Dreher está na multinacional desde 1996, após 25 anos no Grupo Bunge. Formado em administração, tem especialização em finanças e planejamento estratégico pelo INSEAD (Fontainebleau, na França). Na Tigre, Dreher foi diretor administrativo financeiro corporativo, vice-presidente e, desde março de 2009, é presidente.
Antes de assumir o comando, foi responsável pela internacionalização da companhia, realizando mais de 13 aquisições de empresas no exterior. É casado e pai de três filhos. Gosta de praticar vários esportes como futebol, tênis e golfe.
Ano bom
O executivo explica que desempenho da Tigre em 2012 foi bom, considerando as circunstâncias e o cenário econômico.
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– No começo do ano, as previsões eram mais otimistas e nem tudo se concretizou. Mesmo assim, com todas as dificuldades vividas, especialmente no mercado brasileiro, conseguimos crescer 6% em vendas e faturamento. Isto é muito bom. Afinal, representa mais de seis vezes a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), que ficou em menos de 1%.
R$ 5 bilhões
O faturamento de 2012 foi de R$ 3,1 bilhões.
– Para atingirmos os R$ 5 bilhões previstos para dezembro de 2014, vamos em busca de oportunidades de aquisições, além do crescimento orgânico. Uma das aquisições deverá ser anunciada logo. É um negócio menor no qual já se faz auditoria interna dos dados econômico-financeiros e contábeis (due dilligence). Há três negócios de aquisições – maiores – em andamento. Olhamos todas as oportunidades. Há conversas com empresas brasileiras e do exterior.
Novas unidades
Neste ano, a Tigre terá cinco novas fábricas – três delas no Brasil. Duas são da Tigre e uma da Tigre/ADS. Estas duas serão construídas em Camaçari (BA) e em Rio Claro (SP). Ambas vão produzir caixas d´agua. E outra, da Tigre/ADS, será em Maceió (AL).
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– As três vão entrar em operação em agosto deste ano. Elas já estão em obras -, garante o executivo.
Ele afirma ainda que as outras duas fábricas (que vão completar as cinco do planejamento) serão erguidas no Peru.
– No conjunto, as cinco unidades vão demandar investimento de R$ 100 milhões. Isoladamente, o maior investimento será a das unidades peruana -, acrescenta Dreher.
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A Tigre atende necessidades de clientes com tubos e conexões, e a Tigre /ADS cuida de produtos para drenagem e tubos de grande diâmetro e mineração.
Prejuízo na construção
De acordo com Dreher, a indústria da construção civil teve prejuízo em 2012.
– Havia elevado estoque de produtos prontos e houve demora em lançamentos de novos empreendimentos prediais por parte das construtoras.
Ele explica que, o primeiro semestre ocorreu de modo diferente do habitual, com algum recuo dos negócios.
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– 50% dos negócios aconteceram em cada semestre. Tradicionalmente, neste setor, os primeiros seis meses participam com 60% do bolo. O ramo predial representa 80% do nosso faturamento e na comparação com o que foi apurado em 2011, a Tigre cresceu 5% -, explica o executivo.
O estímulo do Minha Casa
Dreher explica que o crescimento de 5 % do ramo predial da Tigre tem como estímulo iniciativas como o Minha Casa, Minha Vida.
– O programa habitacional do governo federal e o aumento do crédito aos consumidores foram elementos decisivos. A facilitação para o uso do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para compra de imóveis e de materiais de construção ajudaram muito. Fundamental, também, foi a redução das taxas de juros. O que atrapalhou para se conquistar resultado melhor foi a inadimplência, que subiu nos últimos 90 dias do ano. Por conta disso, os bancos ficaram mais seletivos na hora de analisar os cadastros e conceder empréstimos para as pessoas.
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Estádios
De acordo com Dreher, a Tigre está presente com seus produtos e soluções em 11 dos 12 estádios construídos e em construção para a Copa do Mundo de Futebol, a se realizar em 2014 no Brasil.
– Temos uma equipe especial dedicada exclusivamente a negócios direcionados às obras da Copa do Mundo de 2014, e às Olimpíadas de 2016. Participamos com soluções de drenagem, instalações de produtos próprios para funcionamento da infraestrutura. Temos excelente e histórico relacionamento com as grandes construtoras, que ganharam as licitações e fazem as construções.
Compra
O executivo afirma que não houve nenhuma conversa recente entre a Deca (grupo Itausa, holding do banco Itaú) e a Tigre no sentido de a joinvilense ser vendida.
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– Houveram reuniões há mais de dez anos, no tempo em que Paulo Setubal ainda comandava o grupo paulista. À época, avaliamos alguma sinergia. Mas nunca houve assinatura de confidencialidade para compra e venda. As especulações feitas no segundo semestre (de 2012) são infundadas.
Abertura de capital
– Verificamos se é necessário fazer alavancagem. A abertura de capital é uma das alternativas. A IPO (fazer chamamento de capital via mercado acionário) é alguma coisa para o futuro, a ser implementada se o mercado estiver favorável. Há outras possibilidades de engenharia financeira.
Joinville
– A expectativa em relação a Joinville é grande. Termos um prefeito com visão empresarial e que montou uma equipe boa será um avanço em vibração. Acredito que teremos mais ação e menos politicagem. O que o prefeito Udo vai fazer é olhar para a infraestrutura dos bairros. Ele está correto. Olhar para o lado social é importante. E o Udo tem sensibilidade para fazer isso.
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Ele não vive sem:
Livros.
No momento, Dreher está lendo a biografia de Steve Jobs.
Viajar.
O executivo gosta de visitar Chicago e Miami, nos Estados Unidos, além do Nordeste brasileiro.
– Especialmente para resorts que tenham campo de golfe -, diz.
Golfe.
É uma das atividades favoritas nos momentos de lazer, além de ficar com a família e ouvir música.
Tecnologia.
– Uso todo tipo de ferramentas que me ajudam nas tarefas profissionais, como smarthphones, tablets e computadores.
Frase:
– A frase que mais repito, digo aos nossos funcionários, e que me orienta no dia-a-dia, é simples: cada um de nós tem de fazer o seu melhor porque o possível já não é mais o suficiente, hoje.