A presidente da Suprema Corte grega, Vassiliki Thanou, de 65 anos, foi nomeada primeira-ministra interina até as eleições antecipadas previstas para setembro.

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Thanou, que será a primeira mulher a exercer esta função na Grécia, ficará no cargo até a realização das eleições que, segundo meios de comunicação locais, ocorrerão entre 20 e 27 de setembro.

A jurista de 65 anos havia sido a primeira mulher a presidir a União de Juízes e Procuradores, antes de ser eleita presidente da Suprema Corte.

Vestida de branco, esta elegante loura prestou juramento na tarde desta quinta-feira durante uma breve cerimônia na sede da Presidência da República, com a presença de altos líderes da Igreja ortodoxa.

O novo governo interino será designado na sexta-feira, anunciou pouco antes do gabinete do presidente da República, Prokopis Pavlopoulos.

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Formada na Universidade da Sorbonne, na França, Thanou se fez notar em fevereiro quando escreveu uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, na qual assegurava que as duras medidas de austeridade adotadas na Grécia há cinco anos fracassaram.

Esta política aniquila o povo grego, defendeu.

Sua nomeação acontece uma semana depois da renúncia do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, líder da esquerda radical, que deixou seu cargo esperando consolidar sua maioria no Parlamento.

Tsipras, segundo os meios, quer que aconteçam eleições o quanto antes, ou seja, em 20 de setembro.

Mas os partidos da oposição, sobretudo a direita da Nova Democracia e o recente partido Unidade Popular, formado por dissidentes do Syriza e liderado pelo eurocético Panagiotis Lafazanis, preferem que sejam em 27 de setembro, para haver uma campanha mais longa.

Segundo a Constituição, as eleições devem ocorrer ao menos um mês depois da dissolução do Parlamento.

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Serão as quartas eleições legislativas em três anos na Grécia, um país da zona do euro que não consegue sair da crise da dívida.

A aposta de Tsipras

No poder há oito meses, Alexis Tsipras firmou um novo acordo com a União Europeia (UE) sobre um terceiro plano de resgate ao país de 86 bilhões de euros, acompanhado de novas medidas de austeridade, o que lhe custou o apoio de parte de seu partido.

A Grécia havia recebido dois empréstimos sucessivos da UE e do FMI desde o início da crise em 2010.

Alexis Tsipras excluiu na quarta-feira formar um governo de unidade nacional com os partidos de direita ou de esquerda se não obtiver a maioria absoluta.

“Não vou me tornar um primeiro-ministro que coopera com a Nova Democracia (direita), Pasok (socialista) ou To Potami (centro-esquerda)”, defendeu, e pediu aos gregos que concedam a seu partido a maioria absoluta.

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Tsipras, de 41 anos, obteve uma importante vitória durante as legislativas de janeiro, prometendo o fim da austeridade na Grécia.

Segue tendo popularidade, embora a falta de pesquisas recentes. É difícil prever se vai sair vitorioso de sua nova aposta, obter a maioria absoluta nas próximas eleições, ou se terá que buscar um aliado para governar.

Seu parceiro governamental, o pequeno partido soberanista dos Gregos Independentes (Anel) se diz disposto a cooperar novamente com o Syriza. Contudo, não é certo que este pequeno movimento consiga obter 3% dos votos, o mínimo previsto pela Constituição para entrar no Parlamento.

* AFP