O presidente da seccional catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), Paulo Brincas, e deputados estaduais se posicionaram na manhã desta quarta-feira, 06, em entrevistas na rádio CBN/Diário, a respeito da proposta de eleições gerais dada ontem pelo governador Raimundo Colombo à reportagem do Diário Catarinense.

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Em entrevista a Renato Igor, Brincas diz discordar do governador, ainda que considere que Colombo tenha “a melhor intenção nessa proposta”.

– Eu gosto muito do governador e acho que ele tem a melhor intenção nessa proposta, mas com todo respeito não vou concordar, porque não vejo que seja o caso, inclusive pelo ponto de vista constitucional. A convocação de eleições gerais é possível em caso de renúncia ou de impeachment de presidente e vice. Sem que haja qualquer uma dessas hipóteses, a proposta pode vir a ser questionada no STF – a não ser que todos os envolvidos concordassem, o que é pouco provável que acontecesse – afirmou.

Brincas também discorda do governador de que “modelo brasileiro ruiu”.

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– Me preocupa um pouquinho ficar pensando em outras soluções que não sejam as institucionais, porque, e aqui tomo de novo a liberdade de divergir do governador de que o “modelo ruiu”. Essa é uma sensação de que não sobra mais nada. Mas eu prefiro acreditar que as instituições brasileiras existem, são sólidas e estão trabalhando no caminho constitucional. Não se pode pensar numa sociedade sem crises, elas acontecem de tempos em tempos. E as instituições republicanas precisam estar preparadas para dar conta disso. Acredito que, a despeito dessa crise, as instituições darão conta disso dentro da regra do jogo, resolveremos o problema e sairemos disso um país mais republicano e democrático. Se você parte da ideia de que ruiu tudo, pode dar ensejo a soluções não ortodoxas que ninguém quer. Já tivemos exemplos recentes de que não são a solução para nada – disse.

Deputados também se manifestam

A reportagem da CBN/Diário também ouviu alguns deputados estaduais na manhã desta quarta-feira.

Padre Pedro avalia que novas eleições não irão contribuir para o desenvolvimento do Brasil.

— Acredito que nós estamos em um processo extremamente democrático e no último pleito federal elegemos presidente, governadores, senadores e deputados para um período de quatro anos. Não vejo razão nenhuma para a gente poder pleitear uma nova eleição geral. Temos de respeitar a democracia, intensificar a democracia através de uma postura aberta e fazer com que o país entre num acordo político para construirmos estratégias de desenvolvimento.Não acho que uma nova eleição proporcionaria esse desenvolvimento — disse o deputado.

Dalmo Claro acredita que existem outros problemas mais sérios em instâncias estaduais e municipais. Ele diz que a discussão sobre ter ou não novas eleições deve ficar em Brasília.

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— Eu na verdade fui surpreendido com a declaração (de Colombo). É uma coisa inovadora e sobre a qual temos de refletir. É uma situação que exige muita dedicação, que tem um custo familiar e de empenho muito grande. Vejo isso com uma certa reserva. Vamos eleger tudo de novo? Quem tem que discutir isso são as instâncias em Brasília. Nós temos escolas que não se recuperaram de vendaval no ano passado, temos problemas na saúde, e existe muita burocracia e falta de recursos. Brasília tem de abrir mão de seus poderes e deixar a gestão das coisas com uma proporção maior para estados e municípios, e não concertadas só em Brasília.