A literatura muitas vezes nos socorre com textos que mostram em poucas palavras o que exigiria longos tratados. O Processo, de Kafka, leva ao extremo a ideia de distanciamento entre o homem e a Justiça. A falta de acesso à informação, o aviltamento dos direitos mais elementares, o ataque sem direito a defesa, a atuação inadequada dos advogados e dos tribunais – enfim, tudo o que poderíamos imaginar de indefensável está condensado no romance.

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Os excessos da obra nos lembram que a construção de um sistema jurídico igualitário e adequado é fundamental para a existência de um estado democrático e exige trabalho permanente de todos os envolvidos. O acesso à justiça, afinal de contas, é direito inalienável. Qualquer obstáculo interposto a isso é um atentado contra a democracia e os direitos humanos, daí o papel fundamental do advogado, sem o qual não há Justiça possível.

Por isso, o trabalho de anos dos bravos defensores dativos, atendendo nos mais longínquos municípios, deve ser louvado. E também por este motivo é com alívio, mas também com uma imensa satisfação que depois de quase duas décadas em que os advogados precisaram suplicar pelo pagamento do que lhes era devido, o governo enfim reconhece uma dívida histórica.

Há de se destacar a decisão firme do governador Raimundo Colombo que esteve ao lado da advocacia em todo o processo de negociação. Hoje, em anúncio público, enfim vamos poder comemorar este momento histórico, que abrirá as portas a parcerias que garantam acesso de todo catarinense à Justiça.

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