A indústria nacional de automóveis poderá fabricar 5 milhões de automóveis em 2019. Basta que o produto interno bruto (PIB) cresça 3% ao ano. O prognóstico é do presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Phillip Schiemer.

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O executivo, que participou da inauguração de concessionária da marca em Joinville, pede que o próximo governo federal, a ser eleito em outubro, assine acordos comerciais com os blocos da União Europeia, China e Estados Unidos.

Acredita que o mercado consumidor catarinense de carros de luxo vai aumentar. Diz que Joinville era a opção catarinense para a construção de fábrica de automóveis. O município paulista de Iracemápolis ganhou.

Schiemer chegou a Joinville de jatinho no começo da noite do dia 8 de maio, quando participou da inauguração da loja da DVA Veículos, concessionária de veículos da montadora alemã.

Atencioso, conversou com Livre Mercado por 20 minutos. O executivo alemão é formado em economia em Sttugtart e atua há mais de 20 anos no setor automotivo. Está no Brasil há 14. Já passou pelas áreas de caminhões, ônibus, vans e automóveis. Antes de assumir cargos no País, foi vice-presidente de marketing da divisão de automóveis na Alemanha.

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MERCADO BRASILEIRO

– A indústria de automóveis no Brasil fabricará 3,5 milhões de veículos neste ano. Somos o quinto maior mercado consumidor do mundo. E há perspectiva de se chegar a produzir 5 milhões de unidades em 2019. Claro que isso depende do crescimento da economia, do produto interno bruto (PIB). Este ano será de crescimento bem pequeno. Mas um crescimento de riqueza de 3% ao ano já permite projetar este volume, sim.

ESTAGNAÇÃO

– No caso de mercados de carros populares, há, no Brasil, uma estagnação de negócios, sim. Os juros altos explicam parte disso. O volume de 2014 repete o que foi vendido no ano passado. Não esperamos nada diferente disso.

RENOVAÇÃO DE PRODUTOS

– Os dados podem melhorar. Estamos em fase de renovação de produtos também para os consumidores brasileiros. O Classe C, nosso carro-chefe, estará disponível no segundo semestre deste ano e um novo jipe chegará ao mercado no final do ano.

SANTA CATARINA

– O tamanho do mercado catarinense é pequeno em termos nacionais, mas é crescente. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são nossos maiores mercados.

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Santa Catarina é um Estado que é exemplo para o Brasil. Tem classe média abrangente e, mesmo que nossos volumes de vendas não sejam elevados, há muitas oportunidades de aumentar.

LOJAS

– Já estamos com lojas concessionárias DVA Veículos em Florianópolis, Blumenau, Itajaí e agora em Joinville. A entrada em Joinville é natural. É o município mais rico, com o maior PIB no Estado. Tem uma indústria muito forte e importante. (Em Santa Catarina, os passos seguintes são em direção às regiões Oeste o Sul, revela o empresário Paulo Toniolo Junior, da DVA).

FÁBRICA

– A nova fábrica de automóveis da Mercedes-Benz só não será em Joinville porque decidimos concentrar atividades no Estado de São Paulo, onde já temos relacionamento histórico e estrutura logística naquele Estado. Daí a escolha por Iracemápolis. O governo de Santa Catarina fez um ótimo trabalho e, em Santa Catarina, a opção era Joinville, sim.

SEGURANÇA

– O fato de o governo ter imposto a obrigatoriedade de todos os carros populares saírem de fábrica com airbag e freios ABS não tem relação com os nossos produtos. Nós já produzimos os veículos com estes itens de série. Esta tecnologia já está disponível nos modelos que fabricamos porque segurança é um dos fatores principais em nossa concepção.

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CLIENTES

– Os carros que mais vendemos custam entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. São carros acessíveis a um público que já atingiu status significativo na carreira: são para um diretor de empresa, médicos, advogados, profissionais liberais de sucesso.

VISÃO

– O próximo presidente da República, a ser eleito neste ano, deve ter visão de longo prazo. É essencial agir com previsibilidade para que os empresários e os investidores – todos – possam atuar pensando no futuro. A visão macro é bem importante.

LOGÍSTICA

– O fator logístico é o grande gargalo da economia brasileira, principalmente no negócio com caminhões. Precisamos de melhores estradas, melhores aeroportos

e, também, mais eficiência nos nossos portos. As dificuldades de logística e

de movimentação de mercadorias reprimem o crescimento.

PRODUÇÃO

– A Mercedes-Benz do Brasil fabricará 10 mil veículos neste ano. Nossa participação de mercado, no geral, é pouco maior do que 0,3%. Nos mercados maduros e mais desenvolvidos, chega a 1% do total. No segmento de veículos de luxo, veículos premium, temos 30% de participação.

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BLOCOS

– A política econômica do próximo governo deve ter um enfoque voltado a acordos econômicos com os blocos da União Europeia, com os Estados Unidos e com a China, não com a Venezuela. O Brasil é muito grande, é muito importante. E precisa estar ligado a estes países.

COMPETITIVIDADE

– Uma área a sentir isso de forma bem acentuada é a do agronegócio. É um setor supercompetitivo, globalmente, dentro das unidades no nível de produção. O problema está com o setor público, que não oferece o que deveria.

ATENTO

– O governo brasileiro está atento aos problemas gerais da indústria. A questão macroeconômica é relevante. Juros, câmbio e inflação. É verdade que, em tempos de crise, o governo tem nos apoiado com desoneração de IPI.