O presidente da JAC Motors no Brasil, Sergio Habib, criticou nesta sexta-feira o aumento no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e caminhões anunciado ontem e publicado em forma de decreto hoje no Diário Oficial. Habib disse que, “do jeito que está escrito o decreto hoje, o projeto de construção da fábrica da JAC Motors no Brasil é inviável”.
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Na noite de quinta, o governo anunciou alta de 30 pontos porcentuais no IPI de veículos que não cumprirem uma série de exigências. A medida vale até dezembro de 2012 e deve atingir principalmente os veículos importados de montadoras que não têm fábricas no Brasil. Para Habib, a expectativa é que a proposta do governo sofra alterações:
– Mas o projeto (da fábrica) está mantido por enquanto, porque acredito que o governo vai mudar – afirmou.
Segundo Habib, uma montadora leva cerca de três anos para atingir um nível de nacionalização de 65%.
– A previsão da JAC Motors é que a fábrica fique pronta em 2014. Ou seja, só atingiríamos o índice de nacionalização em 2017, o que nos daria direito ao IPI reduzido. Isso é inviável.
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O Rio Grande do Sul é um dos Estados que disputa a fábrica da JAC no país. O investimento previsto pela JAC na unidade é de US$ 600 milhões.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), os veículos importados de montadoras não instaladas no Brasil que custam até R$ 60 mil representam 3,3% do total de veículos comercializados no mercado. De acordo com a Associação, o total de carros importados pelas empresas associadas representa 5,8% de todos os veículos vendidos no Brasil.
– São esses carros que competem com os veículos produzidos no país. Um Jaguar, um Land Rover ou uma BMW não compete com o veículo nacional. Não somos nós, com 3,3% do mercado de veículos até R$ 60 mil, que estamos roubando empregos no Brasil – afirmou hoje José Luiz Gandini, presidente da Abeiva.
Segundo a medida, as montadoras que se enquadrarem nas exigências terão um desconto no IPI no mesmo patamar, ou seja, não serão afetadas pelo aumento do imposto. Entre as exigências mais importantes estão o uso de 65% de conteúdo nacional ou regional em 80% dos veículos produzidos no país, investimento equivalente a 0,5% da receita bruta descontada de impostos em pesquisa e desenvolvimento e o cumprimento de pelo menos seis etapas de produção no Brasil (como estamparia e pintura, por exemplo). Carros importados do Mercosul e do México, regiões com as quais o Brasil mantém acordo de livre comércio, não estão incluídos nas medidas, já que são trazidos ao Brasil por montadoras que têm fábricas aqui.
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