O presidente da Interpol, Meng Hongwei, que estava desaparecido após viajar para a China e que está sendo investigado no país “por suspeitas de ter violado a lei”, renunciou ao cargo “com efeitos imediatos”, de acordo com a organização policial internacional.

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“Hoje, 7 de outubro, o secretariado geral da Interpol, em Lyon, na França, recebeu a renúncia de Meng Hongwei da presidência da Interpol, com efeito imediato”, segundo comunicado publicado no Twitter.

Mais cedo, um comunicado publicado no site da Comissão Nacional de Supervisão – encarregada de apurar casos de corrupção de funcionários públicos chineses – afirmava que Meng Hongwei “está sendo investigado por suspeitas, de acordo com as quais teria violado a lei”, segundo

Meng Hongwei, de 64 anos, não dava sinais de vida desde 25 de setembro, segundo sua esposa, que informou à polícia francesa na noite de quinta-feira o “desaparecimento perturbador” de seu marido.

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Sua mulher afirmou neste domingo em uma coletiva de imprensa em Lyon (leste da França), onde fica a sede mundial da organização policial, que acreditava que seu marido estava em perigo.

Em 25 de setembro, ele enviou uma mensagem curta por meio de uma rede social: “Aguarde minha ligação”. Em seguida, uma segunda mensagem com apenas um emoticon que simbolizava uma situação de perigo, de acordo com Grace Meng.

No sábado, o secretário geral da Interpol, o alemão Jürgen Stock, havia solicitado à China “um esclarecimento” sobre a situação do presidente da organização.

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– Chamado à comunidade internacional –

A esposa de Meng Hongwei também fez um chamado à comunidade internacional na coletiva de imprensa em Lyon.

“Este caso diz respeito à comunidade internacional”, disse ela com voz trêmula em um comunicado lido em chinês e depois em inglês. Ela falou de costas para as câmeras por razões de segurança e se recusou a ser fotografada.

No sábado, o secretário geral da Interpol, o alemão Jürgen Stock, havia solicitado à China “um esclarecimento” sobre a situação do presidente da organização.

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No Twitter, Stock disse esperar “uma resposta oficial das autoridades chinesas quanto às preocupações sobre o que aconteceu com o presidente” da Interpol.

Meng também é vice-ministro de Segurança Pública da China e foi visto publicamente pela última vez ao viajar para a China, disse uma fonte próxima à investigação à AFP.

Meng Hongwei é investigado na China e teria sido “levado” para interrogatório “logo que ele pousou” em seu país na semana passada, por razões que ainda não são claras, indicou nesta sexta-feira o jornal South China Morning Post, citando uma fonte anônima.

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Meng chegou à China de avião de Estocolmo, segundo fontes concordantes.

Este é o mais recente desaparecimento de um funcionário de alto escalão na China, onde vários líderes do governo e magnatas estão desaparecidos há semanas, ou meses.

Há crescentes dúvidas sobre se Meng, que foi eleito em 2016 à frente da Interpol (192 países), teria sido vítima de uma campanha anticorrupção lançada pelo presidente Xi Jinping depois de sua chegada ao poder em 2012.

Segundo dados oficiais, 1,5 milhão de autoridades já foram investigadas nesta campanha.

Em março, a China instaurou um órgão extrajudicial, a Comissão Nacional de Supervisão, com a qual ampliou a investigação de corrupção em toda a esfera pública.

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Os defensores de direitos humanos se preocupam de que essa seja uma espécie de fachada legal para a repressão.

As razões para uma possível investigação de Meng não estão claras, mas ele cresceu em sua carreira quando o país era dirigido por Zhou Yongkang, um rival do presidente Xi que atualmente cumpre uma pena de prisão perpétua.

* AFP