O varejo é o para-choque da economia e os mais de cem episódios de violência registrados recentemente em Santa Catarina confirmaram o quanto o setor é sensível aos transtornos do cotidiano. As sensações de insegurança e incerteza que prevaleceram nas últimas semanas alteraram os hábitos da população. O comércio sentiu o impacto, com a queda acentuada nas vendas e isso repercute na economia, prejudicando todos os cidadãos.

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Tão importante quanto nosso apelo por um ambiente de ordem e paz é examinar as origens do problema e suas possíveis soluções. O Brasil tem um Código Penal de 1940, com inúmeras reformas, porém, nenhuma acompanhou as mudanças sociais. Os assaltos aos caixas eletrônicos, hoje largamente praticados, são tipificados como furto qualificado, embora os autores usem de extrema violência. O vandalismo nas manifestações públicas também acaba sem punição proporcional, estimulando novos atos contra o comércio e os bancos. Os adolescentes são o novo exército do crime: praticamente inimputáveis, espalham o terror sem limites, e todas as quadrilhas têm menores na linha de frente.

O descompasso aumenta na execução das penas, pois indivíduos de alta periculosidade cumprem um sexto da condenação e estão nas ruas novamente. A revisão do Código Penal e das leis de execuções penais depende de uma forte pressão no Congresso Nacional, mas também são imperativas as ações dos governos estaduais e da União no sistema carcerário.

Não é preciso ser especialista em segurança para tais conclusões, basta acompanhar o noticiário e exercer o bom senso. Até a mudança, que se faz tão urgente quanto radical, o comércio amargará prejuízos, nossos colaboradores e clientes terão suas vidas sob grave risco e toda a sociedade sofrerá perdas irreparáveis. Até quando?

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