Desde julho, quando o Brasil foi sacudido por gigantescas manifestações públicas, há um questionamento recorrente: que país emergirá desde que a população foi às ruas? Os cidadãos expressaram uma forte rejeição à classe política e aos tecnocratas, que parecem completamente dissociados da realidade dos brasileiros.

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Também têm a expectativa de que as mobilizações em favor de uma nação digna e justa não sejam episódicas, tampouco apropriadas indevidamente por partidos ou correntes políticas sem legitimidade. Outras conclusões, porém, nos parecem definitivas.

A população tem direito a protestar contra as precárias e dramáticas condições de saúde. Igualmente tem motivos para reivindicar melhorias urgentes na educação, cujos indicadores estão entre os piores do mundo e comprometem o futuro das próximas gerações. E está certa ao reclamar da falta de mobilidade urbana e dos problemas no sistema de transporte coletivo, cuja relação entre custo e benefício pune os milhões de usuários.

Da mesma forma, os brasileiros protestam com razão quando denunciam o sentimento de impunidade. E por fim procede o inconformismo dos manifestantes quanto à desmedida corrupção, mau uso dos recursos públicos e empreguismo, recorrentes na administração pública. No entanto, não podemos aceitar atos de vandalismo contra o patrimônio público e privado e desrespeito às instituições. As mudanças devem ocorrer no âmbito legal, sob a luz da Constituição, sem violência.

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As eleições do próximo ano são uma oportunidade ímpar para dar sequência aos anseios da população. Esperamos que os gritos das ruas proporcionem reflexos de longo prazo, capazes de construir uma nação digna e justa.