O arquiteto Dalmo Vieira Filho, secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, ensina que as pessoas não costumam valorizar as áreas de passagem. Mas costumam cuidar das áreas de convivência. Uma praça com parque infantil, bancos, área de lazer, jogos e eventos culturais acaba se transformando numa área de convergência, e as pessoas que convergem para essa área tendem a preservá-la, a colori-la, a mantê-la em ebulição.

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O contrário também é verdadeiro: quem vai cuidar, ou mesmo prestar atenção, a uma área que só é usada para cortar caminho? Fechada para a convivência – por absoluta falta de convergência dos moradores – a área se transforma em zona de abandono, com uma frequência daninha, uma destinação não menos nociva. Quanto mais abandono, mais frequência indesejável; quanto mais frequência indesejável, mais a área ratifica sua condição de abandonada.

O ser humano é gregário por natureza. Não é tão complicado unir gente com gente num objetivo comum. O projeto Tarde na Praça pretende ativar a convergência, agregar pessoas, transformando a área em local de convivência, não apenas de passagem. Se todos convivem, todos cuidam. Cabe à população convergente cuidar para que seu ponto de convivência mantenha o caráter a que foi destinado. Porque, assim, todas as tardes podem ser tardes na praça, ainda que não haja evento especial para isso.

As experiências anteriores nos mostraram que a população recebe muito bem esse tipo de evento. Em outubro do ano passado, centenas de pessoas passaram pelas duas edições do Tarde na Praça, nos bairros Trindade e Estreito, na Capital. Ali, além das brincadeiras e jogos, da música e do espetáculo circense, havia um mote especial: nas duas praças havia postos de coleta do Pedágio do Brinquedo, e foi nesses postos que a convivência aliou-se à solidariedade – dezenas de brinquedos seminovos e em excelente estado foram entregues para fazer a alegria de crianças carentes, um motivo a mais para fazer da tarde na praça um excelente motivo de convergência e convivência.

Este ano, teremos, outras edições do projeto: 19 de outubro na Trindade e 26 de outubro no Estreito; 20 de dezembro na Trindade e 21 de dezembro no Estreito. Todos esses eventos buscam que as pessoas convirjam e convivam, mas em alguns casos também têm aquele mote a mais: outubro e dezembro são épocas propícias a que voltemos a juntar a convivência à solidariedade, com a proximidade do Dia da Criança e do Natal.

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