De volta ao velho Oeste?
* Por João J. Martinelli
(Advogado e presidente da Acij)
Não faz muito tempo, um assalto ou uma morte na nossa cidade ocupavam as páginas policiais por uma semana inteira. Hoje, na maioria das vezes, os casos são tantos que ocupam apenas tiras nos jornais, e os assaltos do dia substituem com competência a morte do dia anterior.
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Eram tempos em que a segurança de Joinville era uma das vantagens que oferecíamos aos profissionais que vinham de outros Estados. Essa incapacidade que temos de cuidar de nós mesmos, dos nossos filhos e das nossas coisas tem sua origem no crescimento em ritmo vertical da cidade e, em contrapartida, uma estagnação dos recursos técnicos e homens.
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Sem contar, é claro, com a deterioração dos valores morais e do desmazelamento das famílias. A população cresceu de forma significativa, mas o número de policiais na cidade permaneceu o mesmo. Assiste-se a uma banalização da vida humana, mata-se por quaisquer duzentos réis, com garantia da impunidade, tal é a carência de recursos para uma adequada investigação. Há relatos que parecem estar a indicar que podem haver marginais com “carteira assinada”, já que começam a assaltar pela manhã na zona Leste da cidade e encerram o expediente ao lusco-fusco na zona Oeste.
No domingo à noite, durante a missa celebrada na Igreja São Francisco de Assis, no bairro Saguaçu, tradicionalmente um dos bairros mais seguros da cidade, o padre convocou a todos para uma reunião para tratar de medidas a serem tomadas pelos cidadãos para resolver o problema de segurança do bairro, já que não se pode mais confiar nas autoridades. Foi o recado do padre e coberto de razão.
Informações dão conta de que existem mais de 13 mil mandados de prisão em aberto em Santa Catarina. Se todos esses mandados fossem cumpridos, não teríamos espaço nos nossos presídios, por isso, criminosos continuam à solta sem serem incomodados e delinquindo ordinariamente e na hora extra também. Isso faz com que sejamos tolerantes em excesso e, quando isso acontece, o nível de aceitação de infrações sobe e deseduca as pessoas.
Lembro-me que a cidade de Nova York tinha seriíssimos problemas de violência urbana e nesse cenário assumiu a Prefeitura o Sr. Giuliani. Um dos seus primeiros atos foi instituir o que chamou de tolerância zero para infratores. Não houve mais distinção entre usuários de drogas e traficantes: todos são criminosos. Uns mais, outros menos. Os primeiros, por receptar mercadoria proibida; e os segundos, pela sua comercialização. Hoje, a cidade é considerada uma das mais seguras dos EUA.
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Nossas estatísticas indicam que 80% de todos os crimes e delitos estão, de uma forma ou de outra, relacionados ao tráfico de drogas. Então, é chegada a hora de as autoridades encararem o problema das drogas e parar de tratar os consumidores de drogas como pobres coitados, vítimas e sempre apadrinhados pelos que defendem os direitos humanos. Quem trafica e quem consome são infratores e devem receber os rigores da lei. É a minha opinião. Que se mude a lei, se preciso for. É hora de encarar os problemas de frente.