Dois temas inevitáveis acabaram predominando nos discursos de algumas autoridades presentes no lançamento da Expogestão: gestão pública e corrupção. Em alguns momentos, nem parecia se tratar da apresentação de um dos maiores eventos corporativos do País, mas sim de um evento político. Tanto o presidente da Acij, João Martinelli, quanto o prefeito Udo Döhler usaram boa parte do tempo de suas falas para discorrer a respeito. Cada um à sua maneira.

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Com seu estilo mais afiado, Martinelli parafraseou o ex-presidente americano Ronald Reagan para lembrar que quando uma empresa gasta mais do que ganha, ela quebra – uma alusão à atuação do atual governo federal. Neste caso, o Planalto estaria mandando a conta da sua ingerência para o contribuinte.

O presidente da Acij citou o aumento de impostos e o ajuste fiscal de R$ 80 bilhões anunciado pela equipe econômica (“falta de sensibilidade”, segundo ele) e chegou a falar em “indiferença” dos governantes com a população ao lembrar da aprovação, por parte da Câmara, do recente reajuste dos benefícios dos deputados, incluindo aí o fato de que as mulheres dos parlamentares agora têm direito a usar a cota das passagens aéreas dos maridos.

– É bom ver uma agenda positiva no meio de tanta coisa negativa – disse Martinelli ao costurar a crítica com a programação da Expogestão.

Udo quebrou o gelo ao iniciar seu discurso parabenizando Martinelli pela vitória do JEC sobre o Figueirense, na noite anterior, mas não fugiu do tema.

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– É preciso revirar o País, que hoje está de cabeça para baixo – disse ele, referindo-se aos casos de corrupção.

O prefeito voltou a reforçar que o grande desafio da gestão pública é combater os desvios de conduta, e que a impunidade e a falta de respostas imediatas para esses casos afasta o poder público das pessoas (lembrou da investigação exemplo do mensalão, que levou oito anos para prender os envolvidos).

Para Martinelli e Udo, a corrupção é endêmica. Atinge a todos os setores, é um fator cultural e nenhum país está isenta dela. A diferença é o modo como ela é tratada. Para eles, o exemplo deve partir de baixo para cima, a partir de cada indivíduo.