Nesta segunda-feira, a presidente Cristina Fernandez Kirchner disse, durante cerimônia realizada em Ushuaia, no extremo sul da Argentina, que pediu à Cruz Vermelha Internacional que ajude a convencer o governo britânico a liberar o acesso de legistas argentinos aos corpos dos soldados enterrados nas Ilhas Malvinas.
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Trinta anos depois que Argentina e Grã Bretanha se enfrentaram pela posse das ilhas do Atlântico Sul, Cristina disse que os direitos humanos exigem que ambos os países colaborem para devolver os cadáveres dos mortos aos seus familiares.
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A presidente fez dos direitos humanos o ponto central do seu discurso no aniversário, não só ao render homenagens aos veteranos de guerra, como também dirigindo-se aos moradores das ilhas.
Cristina voltou a pedir que a Grã-Bretanha aceite dialogar sobre a disputa da soberania nas ilhas, em respeito ao desejo dos 3.000 habitantes do arquipélago.
– Não queremos nada mais do que o diálogo entre os dois países para discutir a questão de soberania, respeitando o interesse dos habitantes, da maneira como assinalam as resoluções das Nações Unidas -, afirmou a presidente aos moradores de Ushuaia e veteranos da guerra, na qual morreram 649 argentinos e 255 britânicos.
Estima-se que dezenas de soldados ainda não tenham sido identificados desde o conflito de 74 dias, que terminou em 14 de junho de 1982 com a rendição das tropas da Argentina, então governada por uma ditadura.
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Ushuaia é a capital da Terra do Fogo, província em cuja jurisdição está as Malvinas, segundo a Constituição nacional reformulada em 1994.
– É absurdo manter a 14.000 km o domínio (das Malvinas), quando estas terras correspondem à nossa plataforma marítima -, disse Kirchner durante o ato central em memória aos mortos da guerra das Malvinas realizado em Ushuaia, cidade no extremo sul do mundo.
Em um discurso de 20 minutos sob um frio intenso, a chefe de Estado disse ser “uma injustiça que em pleno século XXI existam enclaves coloniais. De um total de 16 enclaves, 10 são do Reino Unido”.
Cameron que havia afirmado que “o ato de agressão” cometido pela Argentina há 30 anos tinha a intenção de “roubar a liberdade” dos habitantes das Malvinas, recebeu uma resposta da presidente.
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– Não só a liberdade dos habitantes da ilha foi atacada; parece que (David Cameron) não se deu conta de que a liberdade de todos os argentinos estava comprometida, houve milhares de desaparecidos -, afirmou Kirchner, referindo-se à ditadura argentina (1976-83), em resposta ao primeiro-ministro britânico.
O Ministério da Defesa britânico anunciou nesta segunda-feira que o Destróier da Marinha britânica “HMS Dauntless” zarpará nesta semana rumo ao Atlântico Sul para uma missão de seis meses.
– Pedimos justiça porque queremos que esta região continue sendo uma área desmilitarizada. Não queremos tambores e capacetes de guerra, a única coisa que queremos são capacetes de trabalhadores -, ressaltou Cristina.
O 30º aniversário da guerra acontece em meio à tensão diplomática entre Buenos Aires e Londres pela disputa de soberania sobre as ilhas.
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