A candidata à Presidência da República Sofia Manzano (PCB) afirmou não ver as candidaturas do ex-presidente Lula (PT) e de Ciro Gomes (PDT) como representantes da esquerda no país. A declaração foi dada nesta quinta-feira (25), quando cumpria mais um dia de agenda eleitoral em Santa Catarina, desta vez em Florianópolis.

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— Eles privilegiam a política neoliberal que já vem sendo implantada no Brasil e que só foi piorada no governo Bolsonaro — disse ao Diário Catarinense, pouco antes de discursar em evento no principal campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na capital, onde havia uma maioria de estudantes entre apoiadores.

Manzano avaliou os concorrentes ao ser questionada pela reportagem sobre de que maneira a sua candidatura se diferencia das outras três que se colocam também à esquerda e, diferentemente da pecebista, pontuaram na última pesquisa Datafolha.

Lula marcou 47%; Ciro, 8%; e Vera Lúcia (PSTU), 1% das intenções de voto no primeiro turno — só essa última e a de Leonardo Péricles (UP) também teriam um governo centrado nos trabalhadores, segundo avaliou a candidata do PCB.

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A pecebista disse ainda que tem tido dificuldade em evidenciar as diferenças da sua candidatura ao eleitorado por não ser convidada aos debates e não receber cobertura expressiva da grande imprensa. A legislação eleitoral prevê obrigatoriedade do convite a um debate, por exemplo, aos candidatos de partidos com ao menos cinco parlamentares no Congresso Nacional — o PCB não tem representante algum.

A presidenciável também rebateu a estratégia defendida por parte dos opositores ao presidente Jair Bolsonaro (PL), sejam de esquerda ou não, de que seria necessário um voto pragmático em Lula já no primeiro turno para derrotar o atual mandatário da República e evitar até uma eventual tentativa de golpe de Estado. 

— Uma eleição em dois turnos é justamente para que a população possa votar no primeiro turno naquele candidato que tenha as melhores propostas e um programa factível para melhorar a vida de todos. Quando nós fazemos um voto útil, ao qual somos contrários, e fazemos simplesmente uma eleição plebiscitária, nós não estamos discutindo um projeto para o país, estamos dando uma carta em branco sem saber o que aquele candidato vai implementar no governo.

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Na última vez em que lançou uma candidatura à Presidência, em 2014, o PCB defendeu no segundo turno, disputado entre Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSDB), que apoiadores votassem nulo. Naquele ocasião, Manzano era candidata a vice em uma chapa encabeçada por Mauro Iasi — a dupla conquistou 47.845 eleitores no primeiro turno, o equivalente a 0,05% dos votos válidos.

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A candidata pecebista diz que agora, se não for a um eventual segundo turno, seu partido terá como prioridade ajudar a derrotar Bolsonaro.

— Naquela eleição, como o governo Dilma aprofundou as reformas neoliberais, nós não nos sentimos confortáveis de expressar de forma contundente o voto nela. No entanto, neste ano, temos uma posição já bastante consolidada de derrotar Bolsonaro a todo custo. Ainda não decidimos coletivamente, mas, se eu não for ao segundo turno, nossa posição será de indicar voto naquele que tenha condição de derrotar Bolsonaro.

Manzano esteve na UFSC no fim da manhã para uma aula magna do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) de abertura do segundo semestre letivo. Ela esteve acompanhada das lideranças indígenas Kerexu, hoje candidata a deputada federal pelo PSOL em Santa Catarina, e Ingrid Sateré-Mawé.

Em sua fala aos estudantes, a pecebista criticou o modelo de agronegócio em alta no país, que, segundo ela, acirra desigualdades, e defendeu a adoção de produções agroecológicas espelhados em saberes indígenas, em equilíbrio com o meio ambiente.

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A candidata também afirmou serem necessárias políticas públicas que permitam o acesso e a permanência de indígenas e outras minorias no ensino superior. 

Ela também criticou ao Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 206/2019, hoje em tramitação na Câmara dos Deputados e que prevê a cobrança de mensalidades em universidades públicas. Manzano afirmou que a proposta visa repetir um modelo norte-americano de endividamento estudantil para atender ao mercado financeiro.

No mesmo dia, a candidata ainda participaria da celebração de aniversário de um portal jornalístico independente em Florianópolis, antes de viajar para Maringá (PR). No dia anterior, já em Santa Catarina, ela havia feito campanha em Palhoça e Criciúma.

Sofia Padua Manzano milita pelo PCB, partido que completa 100 anos em 2022 e é o mais antigo do país, desde a década de 1980 e nunca ocupou um cargo público eletivo.

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A candidata é também economista e professora universitária. Atualmente ela leciona na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

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