A Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) define nesta quarta-feira (1º) o nome de quem vai presidir a Casa nos dois primeiros anos de trabalho dos deputados que tomam posse também nesta quarta.

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A disputa ainda não está decidida, mas o deputado Mauro de Nadal (MDB) articula nos bastidores o apoio do partido do governador Jorginho Mello, o PL, e é apontado como favorito para ficar com o cargo. O colunista do NSC Total Ânderson Silva informou na segunda-feira que houve acordo entre o MDB e a liderança do PL, o que deixa ainda mais encaminhado o retorno de Nadal à presidência da Alesc — ele já ocupou o cargo em 2021.

Nos últimos 35 anos, 19 nomes diferentes já presidiram a Alesc (veja lista abaixo). Mais da metade deles foi eleita em votações sem disputa com adversários, solução que tem sido a tônica das escolhas nas últimas duas décadas.

Ao contrário do que ocorre nas votações para a presidência da Câmara e do Senado, a disputa pelo comando da Alesc é decidida sem voto secreto. O mecanismo foi extinto pelos deputados estaduais catarinenses desde a eleição de 2005. Naquele ano, Júlio Garcia foi eleito pela primeira vez em um acordo com articulação do então governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB).

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A partir de então, os presidentes foram eleitos em quase todas as vezes sem disputa de chapas, com candidaturas únicas costuradas ao longo das semanas que antecederam a votação e vitórias por unanimidade.

Última disputa acirrada envolveu Jorginho Mello

As eleições com confronto entre dois adversários e disputa acirrada foram exceção nas últimas décadas na Alesc. A última delas envolveu justamente o atual governador Jorginho Mello. Em 2001, ele disputou a presidência da Alesc contra o então deputado Onofre Agostini.

Em uma sessão tumultuada, ainda com voto secreto e em cédula de papel, os dois disputaram voto a voto. Onofre recebeu 20 votos no segundo turno e foi declarado eleito. A ala de Jorginho tentou anular a escolha na Justiça, alegando que não haveria o quórum necessário de 21 parlamentares, mas não obteve sucesso. Jorginho assumiria a presidência da Alesc somente oito anos depois, após vencer a eleição de 2009.

Entre os nomes que ocuparam a principal cadeira do Legislativo de SC nas últimas décadas estão figuras conhecidas do eleitorado catarinense. Algumas das eleições e dos mandatos também foram marcados por polêmicas que fazem parte do imaginário político de SC. Confira:

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2022 — 2023

Moacir Sopelsa

A presidência da Alesc na segunda metade da legislatura que termina nesta terça-feira (31) foi dividida por meio de um acordo dos partidos. A presidência coube ao MDB e a vice-presidência, ao PL. O MDB indicou o deputado Mauro de Nadal para presidir a Casa em 2021, com a promessa de que ele renunciaria ao segundo ano do mandato, abrindo espaço para o colega de partido, Moacir Sopelsa. O acordo foi cumprido e Sopelsa comandou o Legislativo ao longo do ano eleitoral de 2022. Em setembro, durante a campanha, Sopelsa chegou a assumir o governo do Estado, enquanto Carlos Moisés cumpria agenda de candidato pelo Estado. Como não concorreu à reeleição, o período à frente da Alesc e na função de governador foi encarado também como uma homenagem ao parlamentar, que exerceu mandatos como deputado estadual por 24 anos e encerrou a vida pública.

2021 — 2022

Mauro de Nadal

A presidência de Mauro de Nadal foi definida no mesmo acordo que levou Sopelsa à presidência em 2022. Ex-vice-presidente durante a gestão anterior de Júlio Garcia (PSD), Nadal deu sequência à gestão no primeiro ano do mandato e, posteriormente, renunciou para dar lugar a Sopelsa. Reeleito deputado estadual em 2022, é o favorito na eleição para a presidência da Alesc marcada para esta quarta-feira (1º).

2019 — 2021

Julio Garcia

O deputado reeleito Júlio Garcia foi quem mais ocupou a presidência da Alesc nos últimos 35 anos. Ele presidiu o Legislativo por três vezes: de 2005 a 2007, de 2007 a 2009, e entre 2019 e 2021. Nas três vezes, foi eleito sem voto secreto e por unanimidade. A vitória dele em 2005 marcou o fim do voto secreto e o início dos acordos prévios entre os partidos. Em 2021, foi afastado do mandato e do cargo de presidente após ser alvo de investigação da Operação Alcatraz, mas mais tarde retomou o mandato. Reeleito deputado estadual em 2022, ainda teve o nome especulado a uma possível candidatura surpresa à presidência da Alesc na disputa de 2023, mas afirmou a aliados que não desejava exercer novamente o cargo.

2018 (*até 19/08/2018)

Aldo Schneider

O ex-deputado estadual Aldo Schneider (MDB), do Alto Vale do Itajaí, foi eleito em fevereiro de 2018. A chegada dele à presidência também foi fruto de acordo entre os partidos em que Silvio Dreveck (PP) exerceu o primeiro ano do mandato, em 2017, e renunciou no início do ano seguinte para ceder espaço ao emedebista. Aldo Schneider morreu durante o exercício do cargo, vítima de um câncer na coluna, aos 57 anos, em agosto de 2018.

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2017 — 2018* (*a partir de 19/08/2018)

Silvio Dreveck

Silvio Dreveck foi eleito presidente no início de 2017 e conduziu a Casa naquele ano. Após renunciar para a eleição de Aldo Schneider, tornou-se vice-presidente da Alesc, e teve que reassumir o cargo após a morte do presidente Aldo Schneider. Conduziu o restante do mandato. Assumiu como suplente na Alesc na última legislatura e concorreu a deputado federal nas eleições de 2022, mas não se elegeu. Atualmente é o presidente do PP em SC.

2015 — 2016

Gelson Merisio

Outro político conhecido que presidiu a Alesc foi Gelson Merísio. Segundo colocado na eleição para governador em 2018, Merísio foi deputado estadual por quatro mandatos e presidiu a Alesc por duas vezes, entre 2010 e 2012 e de 2015 a 2016. Nas eleições de 2022, filiou-se ao Solidariedade e declarou apoio à candidatura de Décio Lima para o governo e Lula para presidente, mas não concorreu a nenhum cargo.

2014

Romildo Titon

Romildo Titon (MDB) e Joares Ponticelli (PP) formaram mais um caso de acordo de divisão de mandato na Alesc. O emedebista conduziu a Casa no segundo ano do prazo, eleito por unanimidade após renúncia de Ponticelli, que presidiu a Assembleia em 2013. Após seis mandatos como deputado, Titon não concorreu à reeleição e ficará sem mandato na próxima legislatura.

2013

Joares Ponticelli

O atual prefeito de Tubarão foi presidente da Alesc no ano de 2013. A eleição foi um caso raro de disputa com mais de um candidato. O então deputado Sargento Amauri Soares (à época no PDT) lançou candidatura de última hora alegando defender a “independência dos poderes”. Ponticelli, no entanto, foi eleito com 39 dos 40 votos. A definição foi fruto de acordo para divisão de mandato com Titon. Ponticelli atualmente está no segundo mandato na prefeitura de Tubarão, que vai até dezembro de 2024.

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2010 — 2012

Gelson Merisio

  • Veja acima

2009

Jorginho Melo

O atual governador Jorginho Mello já foi presidente da Alesc, no ano de 2009. Ele recebeu os 40 votos dos deputados para comandar a casa nos dois anos seguintes. Aquela foi a terceira votação sem voto secreto, e a terceira vez em que a escolha foi feita por unanimidade. Na ocasião, Jorginho chegou a assumir interinamente por cerca de uma semana o cargo de governador durante ausência do então chefe político do Estado, Luiz Henrique da Silveira (MDB), e do vice, Leonel Pavan (PSDB). Em 2022, com mandato em exercício como senador, concorreu a governador e foi eleito no segundo turno com 70% dos votos. Tomou posse em 1º de janeiro de 2023, na própria Alesc.

Jorginho Mello foi eleito por unanimidade em 2009 (Foto: arquivo DC)

2005 — 2008

Julio Garcia

  • Veja acima
Júlio Garcia foi presidente da Alesc pela primeira vez em 2005, ano do fim do voto secreto (Foto: arquivo DC)

2003 — 2004

Volnei Morastoni

O então deputado do PT, Volnei Morastoni, foi eleito presidente da Alesc após articulação do ex-governador Luiz Henrique da Silveira. O auxílio foi uma retribuição ao apoio petista dado na eleição de 2002, que ajudou LHS a vencer o rival Esperidião Amin na e eleição para o governo de SC. Apesar da articulação, 10 parlamentares votaram em branco, descontentes com a costura do líder emedebista. Volnei Morastoni atualmente é prefeito reeleito de Itajaí, com mandato até o fim de 2024.

2001 — 2002

Onofre Santo Agostini

A eleição que deu vitória a Onofre Santo Agostini foi a última disputa acirrada para a presidência da Alesc. Com o apoio do então governador Amin, ele concorreu ao cargo contra Jorginho Mello. No primeiro turno, Jorginho recebeu 20 votos e Onofre, 19. Os aliados do hoje governador alegaram uso de cédulas marcadas e deixaram o plenário como forma de protesto e de impedir a votação, pela falta do quórum mínimo de 21 deputados. No segundo turno, a mesa que comandava a votação contabilizou 20 votos em Onofre e uma abstenção, registrada no momento em que um deputado favorável a Jorginho entrou novamente no plenário. O grupo derrotado questionou o resultado na Justiça. Onofre chegou a ser afastado da presidência por liminar, mas depois retornou ao cargo. Ele foi deputado estadual por cinco mandatos e federal uma vez, entre 2011 e 2014. Atualmente está fora da vida pública.

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1999 — 2000

Gilmar Knaesel

O deputado Gilmar Knaesel venceu a disputa no primeiro ano do governo Amin. Descontentes com o espaço oferecido na nova gestão, governistas se juntaram a partidos da oposição, como PMDB e PT, e venceram a disputa com 29 votos, contra 10 de Jaime Duarte e um de Jorginho Mello. Knaesel foi deputado estadual por seis mandatos, mas atualmente não exerce mandato em cargo público.

Outros presidentes da Alesc desde 1988

1998
Neodi Saretta

1997
Francisco de Assis Küster

1994 — 1996
Pedro Bittencourt Neto

1993
Ivan Ranzolin

1991 — 1992
Otávio Gilson dos Santos

1989 — 1990
Heitor Luiz Sché

1987 — 1988
Juarez Rogério Furtado

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