Presente de aniversário

Costumo usar este espaço dominical para refletir com muito autocrítica sobre o trabalho realizado ou sobre as avalanches provocadas pelo novo mundo tecnológico que atropelam os veículos tradicionais. Hoje faço um parênteses nas duas vertentes para falar sobre o presente, sobre paixão e sobre o hábito de ler jornal. A motivação foi um e-mail instigante.

Sob o sugestivo título de “sugestão de pauta”, a jornalista Analu Slongo, editora-chefe de um jornal de Concórdia, tinha uma dica para o Diário Catarinense: é que a sua mãe, Noilzes Slongo, 49 anos, pede sempre o mesmo presente de aniversário: a renovação da assinatura do DC.

A história de amor é antiga, mas tem apenas quatro anos a relação mais estável, quando a filha perguntou à mãe o que ela gostaria de ganhar de presente:

– Uma blusa bem linda ou uma assinatura do DC – perguntou Analu.

– Não pensei duas vezes – conta Noilzes.

Antes do presente, a dona de casa de Concórdia pedia os jornais já lidos pelas empresas vizinhas, mesmo que fossem exemplares dos dias anteriores.

Desde que virou assinante, o jornal virou um companheiro inseparável de todos os dias. E é na varanda, de preferência, que dona Noilzes se atualiza. Elogia as receitas – que lhe servem de inspiração na cozinha – e não abre mão de se inteirar sobre os dramas cotidianos, de ler e reler as colunas sociais, as reportagens sobre política…

O e-mail da filha já descrevia uma relação muito afetuosa da leitora com o jornal, mas conversando com dona Noilzes, a gente acaba se convencendo que o trabalho diário de produzir jornalismo faz todo o sentido na vida das pessoas.

– Sou viciada em ler, principalmente jornal. Amo o jornal, nunca quero jogá-lo fora, leio quase tudo, sempre estou bem informada – desfia a falar a assinante que, apegada, guarda os exemplares em caixas para possíveis consultas futuras.

Ela admite que só fica chateada quando encontra erros no DC, especialmente de português.

Nós também, dona Noilzes.