O desgaste emocional, o estresse e o agravamento da situação financeira causados pela reclusão durante a pandemia do coronavírus podem favorecer o crescimento de outro grave problema social: a violência contra a mulher, que pode ser física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial.

Continua depois da publicidade

> Em site especial, saiba tudo sobre o coronavírus

Em Joinville, embora os registros da Polícia Civil apontem queda de denúncias, desde o mês de janeiro, autoridades e especialistas do setor acreditam que os números não reflitam a realidade, como é o caso da delegada Georgia Bastos, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami).

– Houve diminuição de casos em Joinville, mas isso não quer dizer que diminuiu a violência doméstica. O que ocorre é que o isolamento social, a falta de transporte, a falta de acesso à internet e a presença do homem em casa dificultam a denúncia – analisa.

De acordo com a Polícia Civil, em janeiro, Joinville teve 364 denúncias de violência contra a mulher; em fevereiro, foram 338; em março, período mais severo do isolamento social, houve 317; e no mês de abril, foram 327 registros, até o dia 28. Para a delegada Georgia Bastos, um dado interessante é o crescimento do meio eletrônico para a realização de registros de boletins de ocorrência.

Continua depois da publicidade

– Hoje, 43,5% das denúncias são feitas pela Delegacia Virtual da Polícia Civil, onde é possível fazer o boletim eletrônico 24 horas por dia. Antes da pandemia, esse número era baixo em relação a denúncia de violência doméstica.

Segundo ela, a ampliação do uso do meio eletrônico é resultado do trabalho da Polícia Civil que tem usado as redes sociais como principal ferramenta de alcance e comunicação com a mulher vítima de violência, incentivando-a a denunciar e buscar ajuda junto aos órgãos competentes.

A preocupação com o aumento da violência contra a mulher durante o confinamento, também é compartilhada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Joinville (CMDM).

– Analisar apenas os números é complicado. Às vezes, pessoas da própria família são coniventes e evitam que a mulher agredida tome liberdade de fazer a denúncia. Outra preocupação, é que como a mulher está em casa não pode exercer sua atividade econômica, assim como o parceiro. Isso agrava a situação e a família toda entra em uma situação de violência – afirma a presidente Quélen Beatriz Mankse.

Continua depois da publicidade

Acidente entre três veículos deixa idoso e crianças feridos na BR-280, em Araquari

Denúncia e pedido de ajuda

A melhor forma de defesa para a mulher agredida é a denúncia. Embora o período de isolamento social possa favorecer a violência e dificultar o acesso a alguns canais de denúncia, é preciso que a vítima busque meios alternativos ou que peça ajuda às pessoas próximas.

– É importante que a vítima combine com amigos e familiares, crie metodologias, uma forma simbólica de demonstrar para os vizinhos que ela está sofrendo e para que eles possam buscar ajuda, sem se identificar. Sabemos que na prática é difícil, mas sem um pedido ou um movimento, também não conseguimos ajudar – orienta Quélen.

Já a delegada Geogia Bastos ressalta que a mulher vítima de violência doméstica muitas vezes se sente culpada na hora de ofertar a denúncia.

– Toda a equipe da Dpcami já tem conhecimento para orientar a mulher naquilo que cabe à apuração do crime, a implicações como medida protetiva, ou direcionar para outros órgãos competentes, como o Núcleo Maria da Penha, FCJ, ou a Secretaria de Assistência Social de Joinville.

Continua depois da publicidade

Bombeiros procuram idoso com Alzheimer desaparecido há quatro dias em Porto União

Onde denunciar

Durante o período de pandemia, alguns órgãos estão com funcionamento suspenso, mas outros mantêm profissionais em sistema de plantão e atendimento 24 horas por dia. Além da denúncia presencial, existem vários meios eletrônicos onde pode-se fazer denúncias registrar boletins de ocorrência. Conheça quais os principais canais de denúncia para casos de violência contra a mulher, em Joinville:

– Delegacia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI): Rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira, 843 – bairro Bucarein. Atendimento de segunda a sexta-feira, das 12 às 19 horas. Prioridade para situações emergenciais e confecção de medida protetiva, seguindo as recomendações preventivas da saúde.

– Central de Boletim de Ocorrências de Joinville: rua Prefeito Helmuth Fallgater, 215 – bairro Boa Vista (anexo à Central de Plantão Policial e ao Instituo Geral de Perícias – IGP). Atendimento 24h.

– Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher. Registra denúncias de violações, encaminha aos órgãos competentes, dissemina informações sobre direitos da mulher, amparo legal e rede de atendimento.

Continua depois da publicidade

– Ligue 181: Polícia Civil de Santa Catarina

– Ligue 190: Acione a Polícia Militar de Santa Catarina. Nesse caso, uma viatura da Polícia Militar é enviada até o local.

– App PMSC Cidadão: O aplicativo está disponível para sistemas operacionais Android e iOS, e contém o serviço Rede Catarina de Proteção à Mulher, pautado na filosofia de polícia de proximidade que busca conferir maior efetividade e celeridade às ações de proteção à mulher.

– Disque 100: Disque Direitos Humanos. Atende todas as situações de violações que ocorreram ou ainda ocorrem, até flagrantes. Válido inclusive para denúncia de violência contra idosos, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência e moradores de rua.

– Whatsapp da Polícia Civil: (48) 98844-0011

– Delegacia Virtual da Polícia Civil: É possível registrar boletim de ocorrência pelo site da Delegacia Virtual. É um serviço de registro de ocorrências disponibilizado ao Cidadão via Internet, 24 horas por dia.

Continua depois da publicidade