Na tarde de 15 de junho, quando o apito do árbitro autorizou, em Brasília, o início da Copa das Confederações para a seleção brasileira, a cidade de São Paulo enfrentava um adversário que nenhuma tabela poderia antecipar: a fúria do próprio povo. O clima, de leste a oeste, era de esgotamento e não havia tempo para festa. Menos ainda para futebol.
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Morador da Bela Vista, região central da capital paulista, sempre presenciei, em jogos do Brasil, foguetórios, gritos bem-humorados, buzinas e ruas coloridas de verde e amarelo. Nessa Copa das Confederações, não vi nada parecido com isso.
O cenário festivo só retornou, ainda que timidamente, no jogo final com a Espanha. Retrato disso foi a reunião de 25 mil pessoas, número razoável para uma noite de domingo. Ao entrevistar comerciantes da Avenida Paulista e arredores, ouvi de muitos deles que também houve, às vésperas do jogo, tímido aumento na venda de bandeirinhas e camisas do Brasil.
O futebol nacional não deixou de encantar. Mas é de se notar uma mudança de comportamento na população. Mais importante para o paulistano, hoje, é o transporte, a mobilidade, a educação e a saúde. Se as autoridades querem fazer uma Copa para o brasileiro, devem pensar em medidas claras para todas essas áreas. O povo não quer só estádio. Quer vida digna, transparência e espetáculo. Tempos de cobrança virão. Dessa vez, acredito, não cairão em cima de Felipão.
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