O Fundo Municipal de Apoio à Cultura não existe mais. Agora ele se chama Prêmio Herbert Holetz. Leva o nome do cinéfilo mais querido de Blumenau, e tem novidades. A primeira delas é a desburocratização do processo, mudança inspirada no Prêmio Elisabete Anderle, que facilita e estimula a inscrição de projetos artísticos.

Continua depois da publicidade

O presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Rodrigo Ramos, admite que antes de assumir o cargo até pensou em se inscrever no edital, mas não prosseguiu depois de ler a lista de documentos solicitados. Desde então discute sobre a mudança no sistema e reconhece que a reclamação da classe é antiga:

– Já desisti de participar do Fundo por conta da burocracia. No ano passado falamos sobre a necessidade de mudança com a prefeitura e em fevereiro deste ano começamos, após a posse do Conselho Municipal de Política Cultural de Blumenau, pois o edital estava engessado. De março a dezembro foi um trabalho enorme, entre conselho e equipe técnica da fundação para montar o novo edital do prêmio – relembra.

Uma equipe blumenauense foi a Florianópolis e após uma troca com a Fundação Catarinense de Cultura se inspirou no Prêmio Elisabete Anderle. Após adaptação do documento e aprovação jurídica do Tribunal de Contas do Estado e da Procuradoria-Geral do Município, o projeito foi aprovado na Câmara de Vereadores e a Lei Complementar 1167 foi sancionada pelo Executivo no último dia 19.

O presidente do Conselho Municipal de Cultura de Blumenau, Elton Gomes, celebra a vitória da classe artística. Com o novo texto, mais simplificado, ele reforça que outros nomes poderão aparecer entre contemplados com o prêmio:

Continua depois da publicidade

A burocracia do fundo municipal sempre foi um problema, desde que foi criado em 2003. Muita gente já desistiu de se inscrever porque precisava antecipar muitas coisas, prever datas e contrapartidas antes mesmo da aprovação do projeto. A mudança vem em boa hora e já é comemorada entre os artistas de diferentes áreas – comenta, ao citar que em 2017 todos os trabalhos foram focados na mudança.

O primeiro edital do Prêmio Herbert Holetz foi lançado no último dia 22 e as inscrições podem ser feitas até 23 de março. O presidente da fundação comenta que o texto ainda pode sofrer alterações no futuro:

– O primeiro edital atende as áreas que são sempre mais visadas, mas a comunidade cultural é que vai nos responder nos próximos. Ano passado tivemos 15 contemplados e neste ano teremos, no mínimo, 25 pessoas – comenta Ramos ao citar que R$ 550 mil serão distribuídos aos projetos, valor que representa cerca de 15% do orçamento da FCBlu.

Em fevereiro, a Fundação Cultural de Blumenau irá ofertar nova oficina para explicar detalhes sobre os trâmites do prêmio e esclarecer dúvidas da classe. A expectativa é entregar o recurso em setembro de 2018.

Continua depois da publicidade

Nome de cineasta é eternizado com homenagem

O prêmio de cultura levará o nome do blumenauense Herbert Holetz (1934-2013), figura histórica do cinema em Santa Catarina. Fundador do Cine Clube de Blumenau, Holetz trabalhou por 40 anos no antigo Cine Busch, primeiro como lanterninha e depois como gerente do espaço, além de contribuir em diversas ações em prol da sétima arte. Por duas décadas escreveu sobre o cinema para jornais da região, entre eles A Nação e o Santa.

Homenagear o cinéfilo, que conheceu o cinema na década de 1940, ao batizar o novo prêmio cultural da cidade foi uma decisão unânime, conta o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Rodrigo Ramos. O dirigente ressalta que Holetz sempre foi figura presente na cultura da cidade.

– Não apenas quem conviveu com ele, mas a nova geração também conheceu o Seu Holetz. Ele sempre esteve muito envolvido na cultura blumenauense. Nós temos vários nomes para homenagear em Blumenau, claro, mas de forma carinhosa ele foi lembrado em uma das conversas e foi escolhido por aclamação – cita.

O filho do homenageado, Jorge Holetz, conta que a família se sentiu extremamente feliz e honrada pela lembrança:

Continua depois da publicidade

– É um orgulho para a gente. A cada ano que passa, me surpreendo. Passa ano, entra ano e o nome dele vem à tona. A homenagem será uma lembrança permanente de todo o esforço que ele desprendeu para incentivar a cultura de Blumenau. Estamos muito honrados – afirma.

O cineasta morreu aos 78 anos. Em outubro de 2012, Holetz teve diversas quedas e, durante uma cirurgia para reparar o fêmur quebrado, sofreu acidentes cerebrais vasculares. Passou os últimos 15 dias internado no Hospital Santa Catarina antes de a vida dele ganhar um fim, como nos filmes que preservou e divulgou durante a vida.