Um vilão desconhecido. É assim que pode ser chamado o vírus sincicial respiratório (VSR). O nome é um pouco complicado, e a falta de fama não corresponde à gravidade nem à quantidade de infecções causadas por ele.
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O principal alvo são as crianças, com maior severidade em bebês prematuros com doenças cardíacas ou respiratórias. Em adultos, o vírus se desenvolve como uma gripe comum. Nos pequenos, a pontaria do vilão é quase perfeita. Até um ano de vida, quase dois terços das crianças são infectadas pelo vírus e, até o segundo ano, as infecções atingem 99% delas, segundo Renato Kfouri, pediatra e diretor da Associação Brasileira de Imunizações (Sbim).
O VSR é ainda o principal causador de internações de bebês, que apresentam quadros de tosse, chiado no peito e falta de ar. O frio dá ainda mais força ao vírus, que é sazonal e, na Região Sul, circula geralmente de março a setembro.
Além do número de infecções, outro dado que assusta é o da mortalidade. No mundo, são 160 mil mortes por ano causadas pelo vírus. No início da vida, mata quatro vezes mais que o influenza, causador da gripe. Segundo a pediatra Sandra Elizabete Vieira, professora da Faculdade de Medicina da USP e pesquisadora do Hospital Universitário, os médicos brasileiros não têm o conhecimento que seria necessário sobre o vírus.
Infecções dobraram em 20 anos
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A bronquiolite causada por VSR é uma das principais e mais graves infecções respiratórias e é a primeira causa de internação de bebês com menos de um ano. Segundo Sandra Vieira, pediatra e professora da Faculdade de Medicina da USP, a criança infectada com bronquiolite com essa idade tem quatro vezes mais chance de ter asma na infância e adolescência. E os quadros de infecções por VSR têm aumentado.
A pediatra afirma que mais de 60% das internações são devidas ao vírus, número que dobrou nos últimos 20 anos. Essas infecções são ainda mais perigosas em bebês prematuros, mais suscetíveis por causa da baixa imunidade e da formação incompleta dos órgãos respiratórios, e que são cerca de 10 vezes mais hospitalizados que bebês nascidos a termo (no tempo normal de gestação).
Entre eles estão febre, coriza, tosse, espirros, chiado no peito, dificuldade para beber ou comer, vômito e falta de ar (em casos mais graves).
Medidas preventivas
Alguns cuidados durante os primeiros meses de vida podem evitar a contaminação pelo VSR ou outros vírus respiratórios:
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:: Lave as mãos com frequência e sempre antes de pegar o bebê, pois o vírus permanece vivo nas mãos por mais de uma hora.
:: Evite aglomerações.
:: Tenha cuidado ao manusear objetos da criança.
:: Evite o contato do bebê com crianças mais velhas e adultos com sinais de resfriado ou gripe.
:: Evite contato com fumantes e ambientes poluídos.
ATENÇÃO AOS BEBÊS
A má notícia é que não há uma vacina contra o vírus sincicial respiratório. Segundo o pediatra e diretor da Associação Brasileira de Imunizações (Sbim), Renato Kfouri, é impossível aplicar uma imunização ativa, a vacina, devido à sensibilidade do organismo do bebê. Por isso, a proteção é feita por meio de uma imunização passiva, ou seja, a criança recebe os anticorpos prontos, direcionados contra o vírus.
A imunização é feita em lactentes em grupo de risco durante a fase de circulação do vírus. São cinco doses mensais consecutivas, que podem ser aplicadas após o nascimento. Os bebês que fazem parte deste grupo são os prematuros nascidos com menos de 28 semanas de gestação, os portadores de doença cardíaca ou respiratória crônica.
O repórter viajou a São Paulo a convite da Abbott.