Os problemas dos condomínios do Minha Casa Minha Vida em Blumenau estão diretamente ligados à grande quantidade de apartamentos em cada um dos residenciais. A conclusão é do diretor de Habitação da prefeitura, Romeu Horst Fritzke. Gerente regional da Caixa na época da entrega das chaves, ele admite que a necessidade de retirar dos abrigos os atingidos pela enchente de 2008 acelerou processos e atropelou etapas necessárias como a preparação social dos moradores. O diretor entende que obras acima de 160 unidades são prejudiciais para o convívio interno e o controle assistencial.

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– Os residenciais que têm abaixo de 160 moradias em Blumenau têm uma boa convivência. Eles conseguem se organizar, as famílias se conhecem. O problema é quando é maior que esse número- explica Fritzke.

Por regra do programa, nos primeiros seis meses após a entrega das chaves, a Caixa deve fazer o trabalho de acompanhamento dos beneficiados, organizando reuniões e assessorando os síndicos. Depois disso, as prefeituras recebem um recurso de 1,5% do valor da obra para aplicar em programas sociais nos prédios. Depois de quatro anos, nenhuma ação social foi colocada em prática nos prédios de Blumenau. A alegação do diretor é que a necessidade de entregar logo as unidades deixou de lado essa parte importante do processo.

– Foi a condição que se apresentava. Foi a melhor solução e concordo com isso. E hoje tem que administrar isso. Se naquela época o programa contemplasse isso, talvez fosse um pouquinho melhor, mas nada que não possa ser corrigido- garante Fritzke.

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O diretor acredita que em seis meses haverá trabalhos sociais dentro dos condomínios. O único que já conta com ações é o Residencial Bela Vista, inaugurado recentemente.

Em Criciúma, onde há três residenciais prontos e um sendo construído, a secretária de Assistência Social, Solange Barp convive diariamente com os problemas advindos dos prédios. Durante a noite, conta a secretária, moradores mandam mensagens pedindo socorro diante da criminalidade existente no Residencial Carmel, no bairro Cidade Mineira.

– Bandidos ameaçam os moradores e até colocaram fogo no carro do síndico. Quando a polícia vai lá, fica tudo bem, mas depois volta tudo.

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Solange afirma que há três assistentes sociais para trabalhar com os prédios, mas que mesmo assim os problemas continuam ocorrendo.

:: Inadimplência gera dívidas aos condomínio

Além da parcela do programa Minha Casa Minha Vida, os moradores dos prédios pagam mensalmente as taxas de água, luz, gás e condomínio. Na maioria dos empreendimentos, os medidores são coletivos, o que ocasiona dívidas gigantescas para os prédios diante de índices altos de inadimplência.

O condomínio Parque das Nascentes II, em Blumenau, tem uma dívida com o serviço municipal de água e esgoto. Desde que a conta de água passou a ser individualizada, os problemas diminuíram, segundo um morador. A taxa de condomínio, porém, não é paga por 40% dos proprietários. Esse índice é ainda maior no Residencial Marlene Moreira Pierri, em Palhoça. O síndico Amilton Vieira diz que 60% dos moradores não pagam o condomínio.

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– A empresa colocou o condomínio no Serasa por falta de pagamento. Temos uma dívida de R$ 33 mil por conta da água – informa Amilton.