Foi no último sábado (25), pela página da Escola Básica Anísio Teixeira no Facebook, que a assistente de atendimento e mães de três crianças, Tainá Silva Ferreira, 31 anos, descobriu que a unidade do bairro Costeira do Pirajubaé, em Florianópolis, havia sido interditada e as aulas desta semana canceladas. O colégio apresenta, há meses, problemas estruturais e, na última sexta-feira (24), a prefeitura da Capital resolveu acatar o pedido da Defesa Civil e fechar as portas para evitar acidentes.
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Na manhã desta segunda, prefeitura, Defesa Civil, pais, professores e vereadores se reuniram na Associação de Moradores da Costeira de Pirajubaé para traçar os planos e tirar as dúvidas sobre o futuro dos quase 600 alunos da unidade (440 na educação fundamental, 44 na educação infantil e 113 da Educação de Jovens e Adultos). A maior preocupação de Tainá, que participou da reunião, era com a adaptação das filhas em uma diferente unidade. A mais nova é deficiente visual e tem apoio de um segundo professor.
— Nos mudamos há dois anos para Florianópolis e elas já passaram por um processo de adaptação. A gente espera que elas tenham o acompanhamento dos mesmos professores. Ao mesmo tempo, confesso que também foi um alívio. A situação estava muito preocupante. A sala de uma das minhas filhas tinha um buraco porque o chão cedeu — conta Tainá.

Chayenne Guterres da Silva, 26, mãe de duas estudantes da Anísio, questionou a prefeitura sobre o deslocamento destas crianças para outras unidades, a garantia que elas terão vagas em escolas da região e pediu que as turmas permaneçam unidas, junto dos professores com as quais já estavam acostumadas. Ela também perguntou, na reunião, sobre o prazo de entrega das obras ou de uma nova escola.
Para onde vão os alunos?
A preocupação era compartilhada pelas dezenas de pais e professores presentes. A eles, o secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, garantiu que, até o final desta semana, a transferência de todos os alunos seria planejada e que todos eles ficariam em turmas alocadas em escolas da região. Até esta segunda, ainda não havia uma definição para onde cada turma se deslocaria. Mas a prefeitura pretende pedir apoio para escolas como Júlio da Costa Neves e Adotiva Liberato Martins, ambas na Costeira; Getúlio Vargas, no Saco dos Limões; Jurema Cavallazzi, no José Mendes; e Beatriz de Souza Brito, no Pantanal.
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Já na educação infantil, a possibilidade é de transferência dos alunos para os núcleos Hassis e Costeira, no mesmo bairro, e o Zilda Arns, que fica no bairro Carianos. Onde as crianças e adolescentes irão ficar nas escolas – se em novas salas, auditório ou até em ginásios – também não foi definido na reunião desta segunda.
A Secretaria de Educação prometeu esforço para que as turmas permaneçam unidas, mesmo com a mudança de escola. O transporte escolar para o deslocamento das crianças para a nova unidade escolar – uma das principais preocupações dos pais – também foi garantido pela secretaria.

Dúvidas
Duas salas de situação foram criadas para os pais tirarem dúvidas, confirmarem para onde os filhos serão transferidos, e também para retirada de documentação – caso haja o interesse em transferir o filho para outra escola. Para os alunos do ensino fundamental, a sala fica na escola Adotiva Liberato. Para o infantil, no Neim Hassis. O atendimento está sendo realizado desde segunda, às 13h30min, e continuará no local até o fim da semana.
Situação estrutural complexa
Segundo o diretor da Defesa Civil de Florianópolis, Luiz Eduardo Machado, a situação na escola Anísio Teixeira era monitorada desde novembro do ano passado. Há cerca de 30 dias, as rachaduras em paredes e vigas aumentaram. Uma empresa foi contratada pela prefeitura para analisar a situação, e a equipe com dois engenheiros e um geólogo não chegou a uma constatação do que estava causando o problema. Por isso, a decisão foi de interditar a escola.
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— É uma situação complexa, um recalque de fundação grave (chão cedeu) na região do bloco 2 da escola, que está atingindo os outros dois blocos. A única certeza que temos é que o bloco 2 terá de ser demolido — avisou o diretor da Defesa Civil.
Os trabalhos têm prazo de conclusão até o final de julho, explicou Machado. Por enquanto, a prefeitura não consegue confirmar aos pais se a escola será demolida e reconstruída ou se será reformada naquele mesmo local. Ao lado do colégio, passa um riacho.
— Não temos objetivo nenhum em fechar a Anísio Teixeira. Isso não vai acontecer — garantiu o secretário.