A despoluição do rio Cachoeira pode ser apenas um sonho para parte dos joinvilenses que passam pela região central de Joinville todos os dias e percebem a atual condição do rio. Especialistas dizem que ainda é possível reverter a situação e o caminho seria aumentar o investimento do poder público, principalmente na ampliação da rede de esgoto. No entanto, apesar de ter realizado trabalhos para colaborar com a limpeza do rio, o município não tem um plano com prazos e metas de despoluição.

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O maior problema enfrentado para conseguir despoluir o rio é o descarte do esgoto sanitário. Apesar da cobertura da rede de coleta e tratamento na bacia do Cachoeira ter aumentado de 33,06% para 53,74% nos últimos cinco anos, ainda é preciso avançar. Segundo a engenheira sanitarista e professora da Universidade da Região de Joinville (Univille), Therezinha Maria Novais de Oliveira, a área da bacia corresponde a 7% de todo o município, abrigando 49% da população.

— É muita contribuição de esgoto para um rio. É preciso que a rede e o sistema de tratamento continue aumentando, assim como a fiscalização sobre qualquer possibilidade de emissão de efluentes na bacia do rio Cachoeira — defende a pesquisadora.

A Companhia Águas de Joinville tem o planejamento de ampliar a rede de coleta para os bairros da zona Sul e para o Boa Vista, na zona Leste, nos próximos três anos. Todos eles pertencem à mesma bacia do Cachoeira e devem colaborar para aumentar a cobertura e reduzir os impactos para o rio.

Prefeitura diz que já houve melhorias

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Mesmo com os avanços pontuais, não há plano definido para despoluição total do rio. Segundo a prefeitura, também não há previsão para realizar a dragagem das áreas com assoreamento. Porém, o gerente de gestão ambiental da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), Clailton Breis, garante que o trabalho que tem sido realizado já trouxe melhorias.

— Não existe uma ação específica como houve no passado que pudesse melhorar única e exclusivamente o rio Cachoeira, mas com os investimentos que estão sendo feito no saneamento básico têm melhorado bastante a qualidade da água — explica.

De acordo com Breis, além da ampliação da rede de esgoto, o município trabalha na educação ambiental e fiscalização junto à empresas e residências para evitar que dejetos sejam lançados na natureza. Também está em fase de elaboração o Plano Municipal de Saneamento Básico, que contribuirá para o controle dos resíduos produzidos em Joinville. Segundo o gerente da Sama, será mais uma forma de monitorar e evitar os impactos no Cachoeira, assim como em outros rios da cidade.

Trabalho realizado a passos lentos

A professora Therezinha Maria Novais de Oliveira participa do Comitê Cubatão Cachoeira Joinville (CCJ), uma organização que atua, entre outras frentes, na promoção do gerenciamento dos recursos hídricos da cidade. Segundo ela, a despoluição é, naturalmente, um processo lento, mas que pode ser acelerado se for tratado como prioridade.

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— Nós levamos 160 anos para poluir o rio Cachoeira, então não será da noite para o dia que vamos conseguir tê-lo como era antes. Claro que se for uma prioridade pode ser mais rápido do que estamos vendo — diz.

A especialista reconhece que há um avanço na ampliação da rede de esgoto na cidade, mas como é um processo demorado, ainda não é o suficiente para se notar grandes mudanças no rio. Segundo Therezinha, é possível perceber melhora na qualidade da água ao longo dos últimos anos, passando de ruim para regular na classificação do Índice de Qualidade de Água (IQA).

Para acelerar o processo de despoluição, ela defende a continuação da ampliação da rede e maior fiscalização, além de educação ambiental para que as pessoas deixem de jogar resíduos sólidos nas águas.