Há muito tempo ela está ali. Não se sabe exatamente há quantos anos, até porque os registros são escassos quanto à data em que a Ponte da Arnold Hemmer foi construída, mas é consensual entre especialistas que a ligação entre as margens do ribeirão do Testo, no Badenfurt, já tem mais de um século de história.

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– Pelos meus cálculos, pela estrutura e pela forma com que ela foi feita, foi há mais de cem anos – afirma a diretora do Departamento Histórico de Blumenau, Sueli Petry.

Isso significa que a ponte já viu muita coisa acontecer. O naufrágio do Titanic (1912), o fim da Guerra do Contestado (1916) e, até mesmo, o Brasil declarando guerra ao Império Alemão durante a Primeira Guerra Mundial (1917) foram eventos contemporâneos aos primórdios da existência da estrutura.

Hoje a passagem serve apenas para a travessia de pedestres, ciclistas e, infelizmente, vândalos – que escrevem frases de amor a ameaças na madeira que faz parte do guarda-corpo da construção – e usuários de drogas, que se aproveitam da pouca movimentação e fácil acesso no local. Isso porque a ponte está fechada desde outubro de 2014, depois de a secretaria de Serviços Urbanos detectar um problema nos apoios do lado direito.

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Para resolver o problema e acatar uma demanda de mobilidade urbana apresentada pelos moradores do Badenfurt, o município apresentou uma proposta alternativa: construir uma nova estrutura que comporte a passagem de veículos no local e migrar a atual ponte para outro ponto, no mesmo bairro. A prefeitura acredita que o fato de desafogar o trânsito nas proximidades da BR-470 e ao mesmo tempo garantir a manutenção de um bem histórico agrada os moradores.

Nós precisávamos encontrar um meio termo. A ponte não é tombada como patrimônio e está descaracterizada, então podemos mexer nela quando a gente quiser – explica o secretário de Planejamento Urbano, Juliano Gonçalves.

A proposta foi debatida e aprovada no Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado (Cope). Falta agora a prefeitura decidir quando a ideia sairá do papel.

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– Temos que conciliar o que é necessário para a mobilidade urbana e o que é parte da nossa história. Precisamos que preservar a memória dos nossos antepassados dentro do que é viável, não do que é possível – pondera o engenheiro Arlon Tonolli, conselheiro do Cope.

Para a historiadora Sueli Petry, mesmo com algumas alterações, a ponte ainda tem as referências de sua antiga edificação e é incoerente dizer que ela perdeu seus traços. Segundo ela, independentemente de ser uma estrutura que não é tombada pelo patrimônio histórico, qualquer mudança de local requer cautela:

– Claro que ela sofreu algumas adaptações com o tempo, mas não deixa de ter a sua validade.

Sem prazo para colocar

a ideia em prática

Para resolver a passagem de veículos de pequeno porte pela Ponte da Arnold Hemmer, a proposta de uma reforma temporária para poder abrir a via chegou a ser discutida, porém logo descartada pelo município. Isso porque para revitalizar a estrutura seria necessário concretar os pilares de sustentação, o que danificaria a construção histórica e a descaracterizaria. Qualquer outra solução mais complexa custaria no mínimo R$ 150 mil e, em tempos de orçamento reduzido, ficou de lado. Para esse ano a ponte não será liberada e o reforço não será feito, segundo o secretário de Serviços Urbanos, Rafael Jansen.

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