A permanência de nove famílias na praia da Vigorelli, na baía da Babitonga, será defendida pela Prefeitura de Joinville, em apelação no Tribunal Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.

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Isto porque uma sentença publicada há duas semanas pela Justiça Federal determina, entre outras restrições, que somente pescadores artesanais permaneçam na área – a ação pretende garantir proteção aos manguezais.

Como há nove famílias sem relação direta com a pesca, elas terão de buscar outro lugar se a sentença não for reconsiderada.

– Gostaríamos que não houvesse impacto sobre todas essas pessoas. Muitos não vivem da pesca, mas são parentes de pescadores, pessoas que moram há anos na região e já são consideradas nativas -, defende o presidente da Fundema, Aldo Borges.

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A Procuradoria do município já trabalha na elaboração de um recurso para encaminhar ao Tribunal. A peça ainda não foi enviada porque a Prefeitura aguarda ser intimada oficialmente da decisão. No mesmo recurso, o município também defenderá a permanência de quem já tem bar e restaurante na região. Após a regularização fundiária da praia da Vigorelli, a exploração comercial só poderá ocorrer por concessão. Assim, não há garantias de que os atuais comerciantes consigam manter os negócios.

– Nossa intenção é preservar os comerciantes que estão lá. Quem quiser abrir negócio futuro, aí sim, tem de entrar por concessão -, argumenta.

Os posicionamentos da Prefeitura foram compartilhados em reunião na manhã de sexta com representantes da comunidade, Ippuj e Habitação. Assim que receber a intimação, a Prefeitura terá 60 dias para colocar placas na Vigorelli com avisos de que a área será regularizada. Novas construções estão proibidas.

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Invasões motivaram a ação

O Ministério Público Federal entrou com a ação que levou à decisão em 1993, por causa de invasões na Vigorelli na época. O local tem terras de marinha, área de preservação e pertence à União, mas teve terras cedidas pelo Estado a uma empresa em 1921, quando nem existiam leis ambientais. A empresa abriu a estrada e um canal de dragagem na praia e chegou a propor uma marina para o local para afastar invasores.

Os primeiros pescadores artesanais passaram a vender bebida e gelo nos fins de semana, o que deu origem a restaurantes e atraiu veranistas. As construções se multiplicaram após 1980 e chegavam a 275, segundo dados de 2010. Casas de pescadores artesanais são 26. A maioria (155) são ranchos para barcos de pesca esportiva.